NACIONAL 9 X 0 RIO NEGRO: EM 1914, ACONTECIA EM MANAUS O PRIMEIRO "RIO-NAL" DA HISTÓRIA.
Foi
precisamente no dia 1º de março de 1914, que Nacional e Rio Negro se duelaram
pela primeira vez na história. A partida foi válida pelo primeiro turno da
primeira edição do campeonato amazonense de futebol, e teve como resultado um
triunfo tranquilo dos nacionalinos.
O certame amazonense de 1914 teve a participação de 5 clubes e, naquela época, o Nacional e o time inglês do Manáos Athletic eram as equipes de futebol mais fortes e competitivas do Estado. E muitos já previam que um dos dois seria o campeão estadual, o que de fato acabou acontecendo.
OS
PREPARATIVOS DO JOGO
Nacional e
Rio Negro ainda eram clubes novos, pois ambos tinham sido fundados no ano
anterior. O Nacional surgiu do esforço de Manoel Fernandes (o
Fernandinho),jovem de tradicional família da cidade e que chegou a estudar na
Inglaterra. Já o Rio Negro nasceu da iniciativa de Schinda Uchôa, estudante do
Ginásio D. Pedro II.
Ambos os clubes possuíam suas sedes no centro de Manaus, o Nacional na Avenida Joaquim Nabuco, nº 115 e o Rio Negro na rua Henrique Martins, nº 149.
A ilustração é de Lúcio Izel, mostrando o jogo inaugural entre
Nacional e Rio Negro no campo do Bosque Municipal, em 1914.
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Nacionalinos e rionegrinos entraram no gramado do Bosque Municipal num Domingo, 1º de março, valendo pela quarta rodada do campeonato. O céu estava nublado e o clima frio, mas sem sinal de chuva, o que ajudou com que a torcida comparecesse em bom número, chegando em bondes lotados e procurando se acomodar em torno do campo do Bosque, que era cercado de árvores. Havia entre o público pessoas de destaque da sociedade manauara, como também grande número de populares (mostrando já o interesse que o futebol despertava entre os mais pobres).
O Nacional havia estreado no campeonato com uma sofrida vitória de 2x1 sobre seu maior rival, o Manáos Athletic. Já o Rio Negro tinha estreado com uma derrota de 5x2 para o Manáos Sporting.
No Nacional se destacava a sua potente linha de ataque, que era a melhor do Amazonas, formada por Paulo Mello, Cazuza, Paiva, Santos e Cícero Costa (o craque do clube), e que metia medo até nos ingleses do Manáos Athletic(a melhor equipe do Amazonas na época).Já o Rio Negro contava com sua boa dupla de atacantes, Pudico e Anísio, sendo que Pudico (Leopoldo Neves), apesar de ainda ser um jovem de 16 anos, já se destacava e impunha respeito e atenção dos adversários.
Para
muitos a vitória do Nacional (que possuía um time mais experiente) seria
inevitável, visto que o Rio Negro ainda era fraco, sendo que a maioria de seus
jogadores eram adolescentes.
A PARTIDA
Em campo o
Nacional se apresentava trajado com camisa e calção branco, meia azul e a
estrela azul estampada no peito. O Rio Negro estava com seu uniforme todo
preto.
O árbitro escalado para apitar o duelo foi o inglês H. Burnett e os dois times estavam assim formados:
O árbitro escalado para apitar o duelo foi o inglês H. Burnett e os dois times estavam assim formados:
NACIONAL -
Craveiro, Adail e Fernandinho; Althberto, Laíza e Cyriaco; Santos, Paulo Mello,
Cazuza, Cícero Costa e Paiva.
RIO NEGRO -
Ércio, Marinho e Washington; Basílio, Mendes e Lobão; Pudico, Anísio, Peres,
Cyrillo e Oliveira.
Eram 16
horas e 15 minutos quando foi dada a saída pelo Rio Negro.
Nos primeiros minutos a zaga rionegrina fez boa defesa, contendo as jogadas do adversário e evitando as penetrações. Porém não demorou muito para a resistência dos zagueiros, enfim, ruir. Aos 12 minutos Cícero Costa recebe um passe de Cazuza e, com forte chute, abre o marcador para o Nacional.
Nos primeiros minutos a zaga rionegrina fez boa defesa, contendo as jogadas do adversário e evitando as penetrações. Porém não demorou muito para a resistência dos zagueiros, enfim, ruir. Aos 12 minutos Cícero Costa recebe um passe de Cazuza e, com forte chute, abre o marcador para o Nacional.
Mais alguns ataques seguidos e é a vez de Paulo Mello, também com um forte petardo, ampliar para o Nacional, assinalando o segundo gol.
É batido o centro de campo e os jogadores do Nacional apossam-se da bola com facilidade, levando-a até o gol contrário onde é rebatida. Continua tendo vários ataques e rebatidas até que, faltando 6 minutos para terminar a etapa inicial, Cícero novamente balançava a rede do Rio Negro, marcando o terceiro gol.
E assim o juiz inglês finalizava o primeiro tempo com a vantagem do time da estrela azul por 3x0.
Depois de 10 minutos de descanso era reiniciado o jogo no segundo tempo, dando a saída o Nacional. Logo aos 5 minutos, Cícero marcava o quarto gol nacionalino. Recomeçado o jogo, é a vez de Paulo Mello assinalar o quinto e o sexto gols. Estava fácil a partida para o Nacional, quando Cícero mais uma vez guardava o seu, marcando o sétimo gol.
Os nacionalinos ainda perderam uma chance certa de ampliar quando, em uma jogada belíssima de certeira troca de passes de cabeças, acabaram mandando a bola pra fora.
Todavia, o Nacional ainda marcou mais dois gols, o oitavo através de Cícero e o nono e último que foi um belo gol de Cazuza.
Embora tenham marcado os gols da tarde, os três jogadores do Nacional se mostraram cansados durante o jogo.
Eram 17 horas e 40 minutos quando o juiz Burnett deu por encerrado o jogo com o placar final: Nacional 9x0 Rio Negro.
E o que todos previam realmente aconteceu, ou seja, um massacre dos nacionalinos.
Estava assim iniciado, para sempre, uma das maiores rivalidades esportiva da região amazônica.
O Bosque Municipal. Foi nesse campo que nacionalinos e rionegrinos deram início aos seus primeiros duelos. |
CONCLUSÃO
Nos
anos seguintes o Rio Negro foi ajustando melhor sua equipe, se tornando então
um clube competitivo nos gramados. E, com a extinção do time de futebol do
Manáos Athletic, em 1915, o Rio Negro ocuparia o lugar do maior rival do
Nacional, se tornando então seu maior adversário e dando origem ao maior
clássico do futebol Baré, que perdurou por muito tempo e hoje está adormecido.
O duelo entre Rio Negro e Nacional (que já se enfrentaram mais de 300 vezes) é considerado o confronto de futebol mais antigo do Norte do Brasil.
Fontes: Jornal do Commercio, O Tempo.
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Pesquisa: Prof. Gaspar Vieira Neto
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