A PRESENÇA ALEMÃ NO AMAZONAS NO INÍCIO DO SÉCULO XX.
O "Deutscher Kegelklub", em 1913, o clube da colônia alemã de Manaus. |
Com o início do ciclo da borracha no Estado do Amazonas, a
partir de 1890, muitos estrangeiros vieram para a região em busca do
"Eldorado". Entre esses estrangeiros que chegaram em solo amazonense
estavam os alemães dos quais a maioria veio administrar e trabalhar em suas
firmas comerciais instaladas na cidade de Manaus. Já os demais passaram a se
dedicar à outras atividades e empregos na cidade.
Naquela época a imigração alemã já era bem intensa e
numerosa no Sul do Brasil. Porém, em número menor se comparando aos que foram
para o Sul, uma parte dos germânicos decidiu ir para a Amazônia com seu clima
tropical, atraídos pelo capital proporcionado pela extração do látex, se
instalando na região e participando ativamente da vida social e comercial dos
habitantes das duas principais cidades do Norte (Belém e Manaus).
Vamos conhecer os principais fatos e curiosidades da
presença germânica no Estado do Amazonas do final do século XIX e início do
século XX, conforme ficaram os registros para a posteridade.
PRINCIPAIS FIRMAS ALEMÃS EXPORTADORAS DE BORRACHA
Era em Manaus que se encontravam as principais empresas
exportadoras de borracha do Estado sendo que os alemães foram os maiores
empreendedores do produto no Amazonas e, por isso, as mais importantes firmas
exportadoras de borracha da cidade eram alemãs. Eram elas as seguintes:
• Zarges, Ohliger
& Cia. - Era uma firma exportadora e bancária fundada em
Manaus,inicialmente com o nome de "Prusse, Prucinelli & Cia". Depois
mudou de nome para "Dusendschon, Nommensen & Cia" e mais adiante
se intitulou "Dusendschon, Zarges & Cia". A partir de 1912, com a
saída de um sócio e a entrada de outros, adotou a denominação definitiva de
"Zarges, Ohliger & Cia".
Seus sócios eram os alemães Emil Zarges, Hugo Ohliger,
Adolf Berringer, Franz Christian e Oskar Dusendschon (que depois deixaria a
sociedade).
A empresa era a maior exportadora de borracha no Brasil
Emil Zarges, chefe da empresa, era de Stuttgart. Em 1907
ele veio para Manaus entrando como sócio da firma.
Já Hugo Ohliger, outro sócio importante, depois de prestar
serviço militar na Alemanha resolveu vir para Manaus em 1897, logo se
empregando na casa comercial onde depois viria a se tornar sócio.
O estabelecimento tinha seu endereço na Rua Marechal
Deodoro e na Avenida Eduardo Ribeiro.
• Scholz & Cia.
- Firma concorrente da Zarges, tinha como dono o influente comerciante alemão
Waldemar Scholz.
A sede ficava na Praça do Commercio, nº 10, em Manaus, e era exportadora de borracha, castanha e couros. Também abastecia os principais seringais do interior.
• Adalbert H. Alden
& Cia.- Firma estabelecida em Manaus em 1896. Seu proprietário era o Sr. Alden,
membro influente da colônia alemã.
Localizava-se na rua Tenreiro Aranha e o principal produto
de exportação era a castanha.
• W. Peters &
Cia. - Foi fundada em Manaus em 1892 por Cyril Kiernam. Mas em 1904, com a
entrada de um sócio, passou a chamar-se de " Kiernam & Peters". Enfim
em 1911 passa a denominar-se "W. Peters & Cia".
A sede do estabelecimento ficava na rua Marechal Deodoro, nº 39, e era exportadora de castanha e borracha.
O sócio majoritário da empresa era o senhor Martin
Friedrich Wilhelm Peters, que também foi diretor da Associação Comercial do
Amazonas.
• Ahlers & Cia.
- Firma alemã exportadora de borracha, instalada em Manaus na Rua Marechal
Deodoro, nº 36.
Era proprietário da mesma o senhor Rudolf Otto Ahlers.
• Semper & Cia.
- estabelecimento comercial dos sócios alemães H. Semper e H. Rannier. No
início foi fundada com o nome de "Bernardo Bockris & Cia".
Seu escritório ficava em Manaus na Rua Marechal Deodoro, nº 34. Importavam e vendiam artigos para os seringais do interior do Estado.
• Geretcher &
Levinthal - Empresa exportadora dos sócios Paul Geretcher e Paul Levinthal, que
trabalhava com produtos extrativistas e artigos europeus. Seu endereço era na
Rua Henrique Martins, Nº 34.
• Wasche & Cia - Empresa alemã sediada em Iquitos, no Peru, com filial em Manaus. Ficava na Rua Guilherme Moreira, nº 17, e seu forte era a exportação de borracha.
• G. Deffner &
Cia. - Firma exportadora de cacau, castanha, borracha e farinha. Localizava-se
em Manaus, na Rua dos Remédios, números 51 e 53. Georg Deffner era o
proprietário.
• Gunzburger & Cia. - Casa comercial fundada em 1902, em Manaus, tinha como dono o senhor Julius Gunzburger e seu endereço era na Rua Demétrio Ribeiro, nº 22.
• E. Strassberg & Cia. - Casa comercial situada em Manaus na Rua Marcílio Dias, nº 37. Seu proprietário era Johann Enul Strassberg.
Imagens da firma alemã, exportadora e bancária ZARGES,OHLIGER & CIA.,situada em Manaus (fotos de 1913). |
NAVIOS PARA A ALEMANHA
Havia uma intensa rota de navios alemães saindo do porto de
Hamburgo, na Alemanha, para Manaus.
Esses navios levavam a borracha do Amazonas para a Europa, e
traziam mercadorias e imigrantes alemães e de outras nacionalidades para a
Amazônia como também os funcionários e mandatários das firmas alemães de Manaus
para seu país de origem, em viagem de negócios ou em simples visitas a parentes
e amigos.
Os navios que faziam esse trajeto eram o Rio Pardo,
Dalmatia, Rio Negro, Rio Grande, Rugia, La Plata e Rhaetia.
As vendas de passagens ficavam na seção marítima da empresa Zarges & Cia.
PRINCIPAIS PROFISSIONAIS ALEMÃES DO AMAZONAS
Além dos comerciantes do látex, também havia em Manaus
outros germânicos que se dedicavam a outras atividades profissionais ou tinham
estabelecimentos de outros ramos de comércio (que não fosse exportadores de
borracha) e que eram muito requisitados pela população local. Veremos os principais
deles.
• O Dr. Kempf era um médico operador que fazia consultas na
Farmácia Galeno e na Pensão Moderna (onde residia). Era especialista em partos
e moléstias de senhoras e crianças.
• O Dr. Eugenio Hertz era especialista em vias urinárias,
sífilis e doenças tropicais.
Seu consultório era na Farmácia Galeno. Sua residência
ficava na Rua Luiz Antony e, depois, na Rua Monsenhor Coutinho.
• Fotografia Alemã - Fundada em Manaus, em 1899, pelo
alemão Georg Huebener.
Era a principal do ramo no Amazonas e estava assentada na
Avenida Eduardo Ribeiro, nº 23. Fez vários álbuns fotográficos encomendados
pelo governo do Estado.
• O pianista alemão Karl Witte se fixou em Manaus no ano de
1904, logo ensinando piano e canto no Hotel Internacional e, depois, na Avenida
Eduardo Ribeiro.
• A "Casa Krause, Irmão & Cia." era
especializada na venda de joias, e seu proprietário eram os germânicos Adolf
Heymann e Heinrich Lemmen.
Inicialmente o comércio se instalou na Rua Municipal, nº 15, e depois foi para a Rua Lobo D'Almada, Nº 9.
• Ringhausen &
Cia. – Empresa proprietária da "Alfaiataria Poli" (a partir de 1911), localizada
na Avenida Eduardo Ribeiro. O alemão Josef Ringhausen era um dos sócios, junto
com o italiano Ângelo Biondini.
• S. Grumbacher - Armazém alemão de estivas, fazendas e
louças, que se localizava na Rua Marechal Deodoro, nº 55.
• Fábrica de Materiais de Construção - Pertencia a Heinrich
Moers. Localizava-se no Bairro do Plano Inclinado (atual Bairro de Aparecida).
• Casa Prusse - Armazém de estivas que ficava na Rua
Teodureto Souto. Pertencia à Otto Prusse.
• Karl Klippgen e Franz Feigl eram outros dois renomados
fotógrafos alemães de Manaus.
• Waldemar Schonbach era um conhecido pintor que fazia belos
quadros em seu tempo vago. Trabalhou um tempo como assistente no estúdio
fotográfico de Georg Huebener.
Membros da colônia alemã almoçando na residência de Georg Huebener, proprietário da Fotografia Alemã, em Manaus (foto de 1911). |
OS ALEMÃES NA VIDA ESPORTIVA AMAZONENSE.
Porém não só na área comercial do Amazonas os germânicos
estavam presentes, mas também na área do lazer.
Assim como seus concorrentes ingleses no comércio da
borracha, os alemães de Manaus também fundaram suas sociedades recreativas como
uma maneira de diversão e de solidificar os laços e a união entre os membros de
sua colônia. As principais dessas sociedades esportivas e de seus membros foram:
• Deutscher Kegelklub - Foi o primeiro clube de alemães fundado no Amazonas. Surgiu no dia 1º de julho de 1904 e tinha como uma de suas principais atividades esportivas a ginástica e o boliche, além de servir como local para festas e encontros da colônia germânica da cidade.
Era conhecido popularmente como "clube alemão" e,
em 1913, sua sede mudava-se para a Avenida João Coelho (atual Avenida
Constantino Nery).
Em 27 de janeiro de 1914 o clube foi o local escolhido para
celebrar os 55 anos de idade do Kaiser Guilherme II, soberano da Alemanha. O
evento festivo teve grande presença dos membros da colônia germânica.
• Grupo Alemão - Era um clube dedicado ao remo que surgiu
por volta de 1909 e que costumava realizar suas regatas no igarapé de
Educandos. Entre seus principais remadores estavam: Otto Geith, Franz Conithz,
Emil Harder e Walter Sommerlaad.
• Havia também dois conhecidos ciclistas alemães em Manaus
chamados Karl Schoeler e Adler. Os dois realizaram várias provas e campeonatos
de ciclismo,entre os anos de 1906 e 1907, no Velódromo Manáos Sport.
Porém Karl Schoeler era o mais competitivo e, no dia 14 de
abril de 1907, realizou com o grande ciclista português "Patagônia"
uma disputa cercada de rivalidade, com presença de grande público e que
terminou com uma vitória de Schoeler no segundo páreo e um empate entre ambos
no páreo final.
• No dia 13 de abril de 1912 os alemães fundavam um novo
clube de regatas na capital amazonense, o Manáos Rudder Klub. Sua garagem
ficava no igarapé de Manaus e alguns de seus remadores eram Robauar e
Varrelmann.
• Em 1913 surge um clube de futebol de portugueses em
Manaus chamado Vasco da Gama, que passou a contar com dois jogadores alemães em
seu time titular: Ernest Otto e Emil Ostereich.
Embora o clube só aceitasse portugueses, eles fizeram uma exceção e incluíram os dois atletas germânicos que disputaram pelo Vasco os campeonatos amazonenses de 1914 e 1915.
O alemão Waldemar Scholz, um dos principais barões da borracha do Amazonas. |
Considerado o mais importante exportador da borracha no
Amazonas, Waldemar Scholz fez fortuna no Estado e deixou seu nome gravado na
história desse ciclo econômico que houve na Amazônia e no Brasil.
Waldemar nasceu em Hamburgo, na Alemanha, em 1871. Veio
para Manaus onde montou seu império, fundado sua firma "Schloz &
Cia".
Mandou construir sua imponente residência, de linda
arquitetura, localizada na rua Municipal e que ficou conhecida como Palacete
Scholz. Foi também presidente da Associação Comercial do Amazonas.
Em 1911 ele se casou em Belém com a também alemã Lilian
Slogatt.
Porém com o declínio da exportação da borracha, a partir de
1913, e a crise que isso gerou no Estado, Scholz foi obrigado a voltar para a
Alemanha, desfazendo sua firma e vendendo sua bela residência para o governo do
Estado que, a partir de 1918, oficializou o local como a nova sede do governo
do Amazonas, ficando conhecido agora com o nome de Palácio Rio Negro.
Waldemar Scholz faleceu na Alemanha em 1928.
Além de Waldemar, havia também outros alemães bem
conhecidos e influentes na cidade como OSKAR DUSENDSCHON, que foi cônsul alemão
na cidade e agente da empresa de navegação alemã "Hamburg - Sud", além
de sócio mandatário da "Zarges & Cia".
Outro era o DR. HEINRICH MOERS, que foi um dos fundadores
da Universidade Livre de Manáos, em 1909, além de ter sido vice-diretor e
professor da instituição. Era da cidade de Colônia e veio para o Amazonas em
1885.
Havia famílias tradicionais de alemães em Manaus como os
Ruckert, Ohliger, Heymann, Haller, Levinthal, Scheeler, Dusendschon, entre
outras.
INFORMATIVO GERMÂNICO
A colônia alemã do Amazonas chegou a contar com um jornal
direcionado aos membros de sua comunidade que residiam no Estado. Esse
informativo chamava-se "Boletim Allemão" e circulou em Manaus de 1916
a 1917.
O jornal era semanal e continha notícias de membros da
comunidade local, anúncio de casas comerciais alemãs localizadas no Amazonas e
também notícias da Alemanha e seu envolvimento na Primeira Guerra Mundial (que
acontecia naquele momento).
O Boletim Allemão era feito na tipografia do jornal
"Gazeta da Tarde".
A foto é de Hugo Ohliger, influente membro da colônia germânica do Amazonas. |
FALECIMENTOS
É possível encontrar nos vários jornais de Manaus da época anúncio
de mortes de alemães residentes no Estado. Como exemplo Fritz Smith, Max
Guellin, Otto Peterson, Willian Perck, Haus Friedrichsen e Adolf Karlgriene, vítimas,
em 1909 e 1910, de disenteria e febre amarela e sendo enterrados no cemitério
de São João Batista.
Em Parintins falecia, em 1904, a alemã Joanna Scho-Knecht, muito
conhecida e estimada na cidade onde seu enterro contou com a presença de muita
gente.
É bom lembrar que um bom número dos estrangeiros que vieram
ao Amazonas foi afetado por doenças tropicais, como malária e febre amarela (sendo
que alguns acabaram sendo vítimas fatais, como bem atestam os jornais da
época).
ACONTECIMENTOS TRISTES
Os noticiários de Manaus mencionam dois fatos lamentáveis envolvendo
os imigrantes alemães, um foi uma fatalidade e outro foi um assassinato e que
repercutiram no meio dos membros da colônia.
Em julho de 1904, durante um passeio de lancha pelas águas
do Rio Negro, o alemão Hugo Buker acabou perdendo a vida tragicamente.
Buker era um ex-empregado da firma Zarges & Cia. e
vinha acompanhado de outras pessoas quando, devido uma ventania que ocasionou o
derramamento de um frasco de gasolina, a lancha acabou pagando fogo. Todos se
jogaram na água, mas Buker, que não sabia nadar, desapareceu.
O corpo do alemão só foi encontrado bem depois, próximo à localidade
de Cacau Pirera, onde foi levado à Santa Casa e de lá para o cemitério de São
João Batista.
Vários membros da colônia alemã estiveram presentes ao
enterro, assim como o cônsul Ludwig Nommensen.
Outro fato ocorreu em maio de 1916 na região do Alto
Solimões, interior do Amazonas. Residiam ali, em uma casa à beira do rio
Solimões, o casal alemão Heinrich Geisler e sua esposa, junto com um amigo,
também alemão, chamado Wolfgang Sodimann. Viviam de comércio, vendendo artigos
para os caboclos das imediações.
Um certo dia em que Heinrich estava ausente, Wolfgang
resolveu assediar a esposa do amigo, logo dando uma proposta para eles fugirem.
Ela então recusou. Ao saber da audaciosa proposta e indignado, Heinrich
resolveu dar um fim no rival. Embarcou numa canoa armado e encontrou com
Wolfgang, que estava trabalhando de regatão na localidade de Santa Rita. Começaram
a discutir quando Heinrich puxou a espingarda e desferiu três tiros no oponente
matando-o e empurrando a canoa, que foi levada pela correnteza rio abaixo, com
o corpo de Wolfgang. Porém o remorso bateu na consciência do assassino fazendo
com que ele se entregasse às autoridades da cidade de São Paulo de Olivença,
onde ficou preso. De lá Heinrich foi embarcado escoltado no vapor "Índio
do Brasil", com destino à Manaus onde foi recolhido à penitenciária e
assistido pelo cônsul alemão.
É bom saber que eram poucos os alemães que se aventuraram
pelo vasto interior amazonense, preferindo a maioria se estabelecer e residir
na capital Manaus.
O INÍCIO DA PRIMEIRA GUERRA E O ROMPIMENTO ENTRE BRASIL E
ALEMANHA - A VIGILÂNCIA E RESTRIÇÕES AOS ALEMÃES DO AMAZONAS
Após o afundamento do navio brasileiro "Macau"
por um submarino alemão, em outubro de 1917, o Brasil enfim declarava guerra à
Alemanha. Desta maneira todos os súditos do imperador Guilherme II, que viviam
em terras tupiniquins, eram agora vistos como inimigos.
Em Manaus, também em outubro de 1917, como resposta à
agressão as casas comerciais de brasileiros dispensaram os seus empregados de
nacionalidade alemã. A chefia de Polícia intimou a diretoria do "Deutscher
Kegelklub" a suspender suas atividades esportivas e reuniões, o que foi
cumprido.
Em novembro o comerciante alemão Otto Sonnemann (residente
no Amazonas), ao chegar à Manaus no vapor nacional "Brasil", teve sua
bagagem revistada e seus documentos e cartas traduzidos, na delegacia de
Polícia, na presença do delegado Manoel de Almeida Garcia. Porém nada de
comprometedor foi encontrado e Otto foi liberado.
No dia 10 de novembro o Dr. Freitas Bastos, chefe de
Polícia, baixava a portaria em que todos os alemães de maior que residiam em
Manaus teriam de comparecer todos os dias à delegacia para se registrar. Também
ficava proibido o desembarque de alemães no Amazonas, exceto aqueles que já
tinham residência no Estado. As sociedades de alemães de Manaus podiam
funcionar, mas tinham de comunicar às autoridades policiais a realização de
qualquer sessão, como também a Polícia podia vistoriar as ditas sociedades a
qualquer hora do dia e da noite.
Quanto ao comércio ficou decidido que nenhum comerciante
brasileiro poderia vender armas aos alemães, assim como também nenhuma casa
germânica teria permissão de comercializar armas. Sendo assim o Dr. Freitas
Bastos visitou todos os estabelecimentos de alemães para fiscalizar e fazer
cumprir a lei.
Já os homens e mulheres de maior idade, da colônia alemã de Manaus, passaram a se dirigir e se registrar diariamente em duas delegacias da cidade. Alguns deles foram: Johann Heinrich Buhler (residente na Rua Henrique Martins, Nº 73), Otto Kuhlen (residente na Rua 24 de Maio, nº 83), Eric Ritter (morador da Rua Dez de Julho, nº 64), Paul Frank (estabelecido na Rua Luiz Antony, nº 93), Eduard Friedrich Emil (morador da Rua Marechal Deodoro, nº 15) e Anna Louise Bertha.
CONCLUSÃO
Não se sabe ao certo o número de alemães que imigraram para
o Amazonas na época do ciclo da borracha, mas sabe-se que eles não eram
numerosos, mas também não eram tão poucos, e eram o quarto maior número de
estrangeiros europeus na capital amazonense, atrás dos portugueses, espanhóis e
italianos. Na verdade, os mais numerosos eram os portugueses, que eram cerca de
5 mil em Manaus no ano de 1907. Mas, embora fossem em quantidade razoável, era
comum ver os germânicos caminhando pelas ruas da cidade e estacionados em
grupos em frente às casas comerciais de seus conterrâneos conversando em seu
idioma sobre as últimas notícias vindas de Berlim, mostrando que eles estavam
bem presentes na vida da sociedade amazonense.
O etnólogo Theodor Koch-Grunberg ao mencionar sobre seus
conterrâneos na Amazônia teceu o seguinte comentário em 1905:
"- Os alemães
aqui em Manaus são bastante numerosos, sendo alemãs as duas empresas comerciais
mais importantes, com numeroso pessoal".
Mas, no censo de 1920 se acusou a presença de somente 72
alemães vivendo no Amazonas, e outros 163 no vizinho Estado do Pará. Com
certeza essa redução se deu devido ao declínio do ciclo da borracha, que gerou
uma crise sem precedentes na região e ocasionando a fuga de muitos estrangeiros
para outros locais. Outro fator foi a convocação de alemães, que estavam fora
de seu país, para voltar à Europa e defender seu país na Guerra que se iniciou
em 1914, onde grande parte pereceu nos campos de batalha.
...
Fontes: Jornal do Commercio, Correio do Norte, A Capital,
Gazeta da Tarde, Livro "A fotografia amazônica de George Huebner", de
Andreas Valentim.
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