UM FATO MISTERIOSO NA MANAUS ANTIGA - O "PAU DO TARUMÃ"

No início do século XX, aconteceu um famoso e misterioso caso no Amazonas que intrigou toda a população local, que ficou conhecido popularmente como o "Pau do Tarumã ".

Tratava -se de um pedaço de tronco que ficava fora da água (como um toco) e que, sem explicação, navegava tranquilamente pelos igarapés, lagos e pelo rio Negro, e nas proximidades de Manaus, sumindo e reaparecendo em outro local. Não se sabia o que movia aquele tronco e o que havia embaixo dele, submerso no rio.

O pau do Tarumã costumava descer o rio Negro até o porto de Manaus onde estacionava, e depois de alguns dias subia de novo o rio até o ano seguinte.


Uma lancha navegando pelo Igarapé do Tarumã, em 1901, na mesma época e local onde o misterioso Pau aparecia.


Esse misterioso pau assombrava o povo que o considerava encantado e por muito tempo era um dos assuntos principais nas reuniões familiares. A crendice popular procurava dar várias explicações. Para uns se tratava de uma enorme Cobra-Grande que se escondia embaixo dele e para outros era um sinal da Iara, a mãe d'água.

Após muitas especulações, se decidiu então descobrir de uma vez por todas o que era aquilo.


AS TENTATIVAS DE SOLUCIONAR O MISTÉRIO

Uma antiga embarcação chamada "Triumpho do Amazonas" (que nos tempos da Cabanagem serviu como navio de guerra) chegou próximo e prendeu o pau com fortes cordas e, auxiliada por sua tripulação, quiseram arrastá-lo para terra e decifrar aquele enigma. Porém o dito pau acabou arrastando o barco com força total, que por pouco não foi a pique naufragando. Com medo, os tripulantes abandonaram sua intenção e não mais se atreveram a perturbar o pau.

De outra vez várias pessoas chegaram próximo a ele e o amarraram com grossas correntes, ligando um lado da corrente ao tronco e o outro em uma árvore na margem de um lago. No dia seguinte só encontraram as correntes partidas, a árvore caída e o pau desaparecido.


A CAPTURA DO PAU E SEU TRANSPORTE PARA MANAUS

Porém em 1906, um conhecido seringalista, o Coronel Euclydes Nazaré, encontrou o pau próximo à Vila de Moura (no rio Negro). Era o mês de Abril e o Coronel criou coragem e decidiu  acabar definitivamente com aquela situação. Ele embarcou em sua lancha "Miss" e, junto com seus empregados, cautelosamente se aproximaram do pau e o amarraram com cordas. Porém, para a surpresa geral, o tronco encantado dessa vez não reagiu e, ao contrário, deixou-se ser rebocado pela lancha, que o puxou-o tranquilamente até a localidade de Paraíso.

O lendário tronco foi conduzido sem problemas. Porém no momento que foi arrancado da água para levar-lhe à terra, não encontraram nada debaixo dele, mas se ouviu um grande ronco na água que assustou a todos.

A lancha desembarcou o inusitado prêmio em Paraíso, logo os moradores do local e das vizinhanças foram ver o famoso pau, que julgavam encantado, gerando uma verdadeira romaria. Rodeando o tronco, passaram a admirá-lo e começaram a contar muitos outros casos sobre aquele tronco que ali estava.

O Coronel Euclydes, orgulhoso de sua proeza, trouxe o pau rebocado para Manaus em sua lancha "Miss". No dia 2 de maio, à tarde, a lancha atracava  na rampa do mercado Adolfo Lisboa, onde vários curiosos e profissionais da imprensa o aguardavam (a notícia correu em toda a cidade), que ovacionaram o Coronel e a tripulação de sua lancha por ter acabado com o mistério e, segundo uns, quebrado o encanto misterioso.

E quanto ao famoso tronco? O que aconteceu com ele? Infelizmente não se sabe. Mas, provavelmente, após ter sido exibido à multidão em Manaus, devem tê-lo cortado aos pedaços ou tocado fogo nele, para que nunca mais voltasse ao rio e assombrasse as pessoas (como diziam).

E, apesar de muitas explicações, não se conseguiu descobrir o enigma por detrás do célebre "Pau do Tarumã".


Fonte: 

Jornal do Commercio.

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