MISTÉRIO NO AMAZONAS - UMA ANTIGA NOTÍCIA MENCIONAVA O ATAQUE DE UMA AVE GIGANTE E DESCONHECIDA A UM HOMEM

No início do século XX, um caso curioso e interessante aconteceu no Amazonas e que ganhou destaque no noticiário de um dos principais jornais do Estado daquela época, causando espanto e curiosidade a todos que dele tomaram conhecimento.

Segundo a notícia do distinto jornal (que publicou a matéria com o título de "Um Monstro"), o fato aconteceu em março de 1902 e foi narrado da seguinte forma conforme as linhas seguintes.

Um caboclo humilde chamado João morava em sua barraca, no interior, trabalhando na sua roça. Certo dia, ao cair da tarde, embarcou seus produtos em sua canoa para vender na capital, Manaus, pois já fazia muito tempo que ele fazia esse trajeto.

 

A APARIÇÃO INESPERADA

Já era noite e o caboclo remava tranquilamente, atravessando o rio Negro, com a lua iluminando seu caminho na imensidão do rio. Foi quando, do nada, sentiu um vulto cercando sua canoa e um forte barulho de asas batendo sobre sua cabeça. Quando olhou para cima viu, assustado, uma ave de tamanho descomunal e aparência desconhecida (pois percebeu que não pertencia a nenhuma espécie de pássaro conhecida) rondando a canoa e prestes a lhe atacar.

O estranho ser alado pousou na proa da canoa e quase a afundou, cobrindo-a completamente e quase tampando, com a cauda, o estarrecido homem.

Cheio de medo, pois nunca tinha visto um pássaro de tais dimensões e também corria o risco de ter sua canoa destruída e ser morto pelo animal desconhecido, o caboclo ficou parado e tremendo de pavor. Porém a ave gigante levantou voo e sumiu, deixando no ar um cheiro horrível que impregnou na roupa do homem.


A ilustração, de Lúcio Izel, é baseada na fonte escrita do ocorrido e mostra o momento do ataque do pássaro gigante ao homem.

A VOLTA DO PÁSSARO MISTERIOSO

Ao se ver livre da ave, João começou a remar com toda sua força para livrar-se tanto do ar infestado com o mal cheiro como do bicho, que poderia voltar. Mas, para seu azar e espanto, a ave de fato reapareceu e passou a persegui-lo. E dessa vez voltou mais agressiva, voando por detrás da canoa e passando a dar várias bicadas na frágil embarcação com a finalidade de afundá-la e afogar seu ocupante.

As fortes bicadas do animal já estavam comprometendo a canoa que já começava a alagar, sendo que uma das bicadas quase atravessou a canoa e atingiu o homem de raspão, ferindo-o. Julgando-se completamente perdido e sem salvação, teve uma última chance de sair daquela situação.

Lembrou -se de um machado afiado que trazia e, sem demora e no desespero, pegou o objeto e descarregou com toda sua força golpes sucessivos no pássaro gigante, no momento em que o bicho tinha metade do bico dentro da canoa. Os golpes cortaram o apêndice bical fazendo com que a ave, agora ferida sem a parte do bico, debandasse e voasse rumo à margem, desaparecendo.

 

A CHEGADA DA VÍTIMA DO ATAQUE EM MANAUS E SEU RELATO INUSITADO

Ferido, cansado e ainda se recuperando do susto, João conseguiu tapar os buracos feitos pela ave com tudo que ele dispunha na canoa e conseguiu, à muito sacrifício, chegar ao porto de Manaus já altas horas da noite.

Segundo a matéria do noticiário ele se dirigiu, ainda debilitado e assustado, até a redação do jornal "A Federação", onde sentou -se e contou todo o ocorrido aos redatores. E para provar que não estava mentindo, trouxe o bico do pássaro (sujo de sangue) que foi medido, possuindo 85 centímetros de comprimento e 50 de circunferência na parte mais grossa, e deixou ali para quem quisesse ver.

A notícia se espalhou em Manaus e, no outro dia, várias pessoas foram na redação do jornal para ver aquele utensílio inusitado.

Lendo e ouvindo o depoimento do homem, ninguém então soube dizer, na época, que tipo de pássaro seria aquele. Já a imprensa, acreditando na narrativa, lamentava de não se ter a oportunidade de aprisionar a ave para estudá-la melhor ou para exibição pública e que também seria um espécime bem valioso financeiramente.

Depois disso, nunca mais se ouviu falar no misterioso colosso de penas. Também não se sabe o que aconteceu com o mencionado bico do animal, se teria ficado em Manaus ou foi para algum museu do país.

Realidade ou lenda? Acredite se quiser.

...


Fonte: jornal "A Federação" (edição de 2 de abril de 1902).

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