Postagens

Mostrando postagens de janeiro, 2024

SATAKE: O LUTADOR JAPONÊS QUE FUNDOU EM MANAUS A PRIMEIRA ACADEMIA DE JIU-JITSU DO BRASIL, ALÉM DE IMPULSIONAR O BEISEBOL NA CIDADE E SE AVENTURAR PELO FUTEBOL AMAZONENSE

Imagem
Conhecido como um dos principais disseminadores do Jiu-Jitsu no Norte brasileiro no início do século XX e um dos precursores do estilo no Brasil, o japonês Satake deixou um legado no Amazonas (e no país) que daria seus frutos mais adiante, e que hoje sua jornada pioneira em solo amazonense precisa ser mais conhecida. Tudo o que se sabe hoje sobre a trajetória de vida de Soishiro Satake foi descoberto após pioneira pesquisa do ex-judoca amazonense Rildo Heros, que é o maior pesquisador da história das artes marciais no Norte do Brasil. Soishiro Satake nasceu no Japão em 1880(não se sabe em qual localidade), oriundo de uma família tradicional. Em 1897 ele entra para o Instituto Kodokan (fundado pelo mestre do judô Jigoro Kano), se aperfeiçoando nas artes marciais, em especial o judô e jiu-jitsu. Possuía 1,65 de altura e foi professor graduado na Universidade Waseda, sendo faixa preta (3⁰Dan). Já em 1907 Satake resolve deixar o Japão para estudar engenharia na Universidade de Colu

CAMPEONATO AMAZONENSE DE 1917: NA GRANDE FINAL, CERCADA DE MUITA POLÊMICA, NASCE A RIVALIDADE DO "RIO-NAL"

Imagem
Iniciava-se o ano de 1917 e a Liga Amazonense de Sports Athleticos (LASA), presidida pelo Dr. Aristóteles Mello, logo tratou de organizar e definir os clubes que iriam participar naquele ano da quarta edição do campeonato estadual de futebol, patrocinado pela entidade. Feito os ajustes, se definiu que os clubes de Manaus participantes da primeira divisão da competição seriam os seguintes: União Sportiva, Nacional, Luso, América, Rio Negro e Manáos Sporting. Já a segunda divisão contaria com 7 equipes (formadas pelos times reservas dos mesmos clubes da divisão principal) e, pela primeira vez, seria disputada a terceira divisão. O Nacional, o campeão do ano anterior, vinha com quase o mesmo time para alcançar o bi-campeonato. O Manáos Sporting (o time de Loureiro) também era um forte candidato ao título. Porém o Rio Negro também vinha com uma equipe recheada de bons jogadores. Eram, na verdade, os três principais candidatos ao título. E foi na disputa desse campeonato que se acir

A CABANAGEM NO AMAZONAS - VILA DE BORBA RESISTE AO ATAQUE DOS CABANOS

Imagem
Na época da Cabanagem (1835-1840), o Estado do Amazonas era uma comarca chamada de Alto Amazonas e subordinada ao governo do Grão-Pará. Com o início da Cabanagem, em 7 de janeiro de 1835 com a invasão de Belém pelos cabanos, os revolucionários tomaram posse da capital da província e foram penetrando pelo interior visando conquistar as demais comarcas para sua causa. Protestando contra as injustiças, os cabanos tinham como principal inimigo os portugueses e seus aliados, assim como o governo regencial, pois eram pelos revolucionários acusados de exploradores, escravagistas, opressores e genocidas. Os cabanos pretendiam instalar um governo formado somente por brasileiros nativos que acabasse com as injustiças e olhassem pelos mais pobres, atendendo os anseios da maioria da população excluída. Somente um ano depois, em 1836, é que os cabanos penetram na comarca do Alto Amazonas, conquistando vilas e povoados. Porém teve um lugar do Alto Amazonas que, conforme atestam as fontes da época e

A PERSEGUIÇÃO À "PAGELANÇA" NO AMAZONAS NO INÍCIO DO SÉCULO XX

Imagem
Nos primeiros anos do século XX começam a pipocar nos jornais do Amazonas denúncias contra a prática das religiões de matriz africana, que era chamada no estado, naquela época, de "Pagelança". Os então pais e mães de santo eram chamados de "pagés", e seu terreiros eram alvos constantes de denúncias e invasão da polícia. A imprensa e a polícia moviam uma perseguição ferrenha aos praticantes da Umbanda e Candomblé em Manaus que, quando pegos nas batucadas pelos policiais, eram presos de imediato(fato que ocorreu em todo o Brasil na época).Além disso eram ridicularizados, nos jornais da cidade, de todas as formas. A CACHOEIRINHA, PRINCIPAL LOCAL DA PRÁTICA DE RELIGIÕES AFRO BRASILEIRAS EM MANAUS Era no ainda distante bairro da Cachoeirinha que se encontravam a maior parte dos terreiros e pais e mães de santo da cidade, cujas noites em que o som do bater dos atabaques ecoavam longe. O número de praticantes da chamada Pagelança na Cachoeirinha era tanta que, em

"LEGA COLONIALE ITALIANA" - A SOCIEDADE FILANTRÓPICA E PATRIOTA DOS ITALIANOS DO AMAZONAS

Imagem
Antonio Borsa era um influente membro da colônia italiana do Amazonas e também era proprietário, em Manaus, do Hotel Internacional, um dos mais conceituados hotéis da cidade nas primeiras décadas do século XX. Partiu de Borsa a ideia de fundar uma associação que agregasse os membros da colônia italiana do Estado do Amazonas e cuja principal finalidade era ajudar seus conterrâneos que estivessem passados por dificuldades, auxiliando-os no que fosse possível e até na repatriação deles caso fosse necessário. Além disso a nova sociedade realizaria festas e atos cívicos em homenagem à datas comemorativas da Itália com a presença de todos membros da colônia, como uma maneira de solidificar os laços fraternais entre seus membros e com sua pátria. Nesse período a Itália ainda era uma monarquia sendo soberano da nação o rei Vítor Emanuel III. É bom saber que em 1900 já havia sido fundada em Manaus, por Michele Stefano, uma outra sociedade filantrópica para os italianos do Amazonas, que fo

O CASTIGO DOS PARINTINTINS: SERINGUEIRO PAGA SUA AUDÁCIA COM A VIDA

Imagem
Durante o apogeu do período da borracha (no início do século XX), a região do rio Madeira,no Estado do Amazonas, se tornou uma das principais zonas produtoras de borracha no Brasil. Devido a isso várias firmas comerciais   ali se instalaram, trazendo seus trabalhadores para o corte da seringa. Porém aquela área era habitada por diversas etnias indígenas, das quais várias eram contra a presença do homem branco em seu território. Dentre elas estavam os Araras, Nhambiquaras e Parintintins, hostis aos seringueiros e travando com eles, nesse período, uma verdadeira guerra com muitas mortes de lado a lado. O seringalista espanhol Carlos Miguel Asensi (que chegou ao Amazonas em 1895) era o maior proprietário de seringais na zona do rio Madeira, sendo o mais importante deles chamado de Calama. Era comum os indígenas atacarem os seringais de Asensi e matar seus trabalhadores, assim como os seringueiros do espanhol também invadiam aldeias e matavam índios. Entre os nativos daquele espaço,

NUMA MADRUGADA, NA MANAUS DA DÉCADA DE 1920, PANCADARIA ENTRE BRINCANTES DE BOI-BUMBÁ QUASE TERMINA EM TRAGÉDIA

Imagem
Hoje, a festa do Boi-Bumbá é uma grande manifestação cultural do Estado do Amazonas, possuindo o estado várias agremiações de Boi espalhadas pelos municípios amazonenses, sendo que Parintins se tornou referência mundial devido ao seu belíssimo festival folclórico onde os Bumbás Caprichoso e Garantido esbanjam magia e beleza em suas apresentações. Não se sabe ao certo quando a festa do Boi chegou ao Amazonas, mas sabe-se quando foi o primeiro registro que foi feito em Manaus, em 1859, pelo explorador alemão Robert Ave-Lellement que presenciou uma alegre apresentação de um Bumbá na cidade. Porém é somente na década de 1910 que surgem as primeiras agremiações organizadas de Boi-Bumbá no Amazonas, sendo que a maioria se originou na capital Manaus. Esses Bumbás se apresentavam durante o mês de junho, nas festas juninas, que na época eram chamadas de "festas joanninas", onde eles dançavam e faziam suas batucadas nas principais ruas do centro da cidade e até nos subúrbios. P

UM CASO SOBRENATURAL NA AMAZÔNIA ANTIGA E UMA LENDA MANACAPURUENSE

Imagem
Era o ano de 1919 e na margem do rio Candeias (um pouco próximo à Vila de Porto Velho que na época pertencia ao Amazonas), localizava-se o seringal "Porto Rico", de propriedade do senhor Miguel Brilhante, que era aviado da casa comercial "Lemos & Campos", situada em Manaus. Numa pequena barraca, quase isolada no centro daquele seringal, residia o seringueiro Pedro Teixeira. Casado e sem filhos, Teixeira teve a responsabilidade de criar uma menor, de nome Isabel, filha de um conhecido seu, também seringueiro, que morava distante de Porto Rico. A princípio Pedro Teixeira tratava a menina com amor e afeição, como se fosse sua própria filha. Mas, depois, o homem mudou completamente seu comportamento para com a menor, passando a lhe espancar constantemente e deixando-a em estado deplorável com muitos hematomas. Não aguentando mais aquele sofrimento e percebendo que corria risco de vida, Isabel, apesar de sua pouca idade, tomou uma desesperada decisão: fugir dal