A FUNDAÇÃO DA PRIMEIRA VILA EM TERRITÓRIO AMAZONENSE: BORBA
Em 1728,no Estado do Grão-Pará e Maranhão, o padre português jesuíta João de Sampaio(considerado naquele tempo como o maior missionário da área do Vale do Madeira)fundava, na margem do rio Madeira, uma missão religiosa chamada de aldeia de Trocano, com a finalidade de catequizar os índios Muras que habitavam as adjacências.
Pretendendo irem para um local de
clima melhor e também de se livrarem de ataques de índios Muras ainda não catequizados,
outros padres jesuítas que faziam atividades missionárias pelo rio Madeira se
transferiram definitivamente para a aldeia de Trocano.
Mas anos depois, para resolver a
questão de limites da Amazônia entre Portugal e Espanha, o rei de Portugal
designou o governador do Grão-Pará, o capitão português Francisco de Xavier
Mendonça Furtado, para se dirigir à região do rio Negro e ali se encontrar com
uma comissão espanhola que vinha do Vice-Reino de Nova Granada, área que
corresponde atualmente à Colômbia e Venezuela e que na época era uma colônia da
Espanha.
Mendonça Furtado então partiu de
Belém em 2 de outubro de 1754 numa flotilha com 25 canoas de variados tamanhos,
rumo ao Rio Negro, comandando uma numerosa expedição com oitocentas pessoas e
tendo entre elas cartógrafos, geógrafos, soldados, indígenas e funcionários do
governo.
Após meses navegando Mendonça
Furtado e membros desta expedição chegaram ao rio Negro, ficando eles alojados
na missão de Mariuá (hoje cidade de Barcelos)onde aportaram em dezembro de
1754,passando eles a esperar a chegada da comissão espanhola para fazerem as
demarcações dos limites. Mas os enviados da Espanha não davam sinal de vida e
nem se tinha notícia se viriam ou não.
Durante o período em que a
expedição estava em Mariuá o rei português Dom José I criou, em 3 de março de
1755,a Capitania de São José do Rio Negro(embrião do futuro Estado do
Amazonas),separando aquela área do Grão-Pará, mas ainda sendo subordinado ao
governo instalado em Belém. O rei também aproveitava e mandava que Furtado,
ainda aguardando os estrangeiros na nova Capitania, transformasse as aldeias de
Trocano e Javari, administrada por padres jesuítas, em Vilas.
Cansados de esperar a delegação
espanhola, Mendonça Furtado e sua comitiva resolveram se dirigir navegando para
a aldeia de Trocano, com a finalidade de cumprir a ordem que o rei lhe tinha
confiado.
A ELEVAÇÃO DA MISSÃO DE
TROCANO PARA VILA COM O NOME DE BORBA
No dia 2 de dezembro de 1755,o
governador Furtado e seus expedicionários finalmente chegaram em Trocano, onde
foram recebidos amigavelmente pelo padre jesuíta alemão Anselm Eckart que
administrava aquela missão religiosa.
Enfim no dia 1⁰ de janeiro de
1756,em uma grande solenidade com a presença de Mendonça Furtado, 23 casais de
portugueses, soldados, padres jesuítas e índios muras catequizados, era
instalada oficialmente a Vila, passando dali em diante a antiga aldeia de
Trocano a ser denominada de BORBA(ou Borba a Nova, como consta nos documentos
da época),em homenagem a uma cidade portuguesa de mesmo nome, localizada na
região do Alentejo. Havia no local duas peças de canhões que haviam sido
trazidos anos atrás com a finalidade de afugentar, com o barulho do estrondo,
os Muras. Mas como os índios já haviam sido catequizados, as duas peças não
tinham mais utilidade, porém acabaram sendo usadas e detonados tiros delas
durante o ato festivo de criação da Vila. Neste mesmo dia Mendonça mandou erguer,
junto a igreja, um pelourinho, símbolo do poder das autoridades locais e do
império português.
Feita a instalação oficial da Vila,
Mendonça nomeou para intendente do lugar o oficial Antônio Castro, e para
pároco o padre Feliciano Antônio da Costa, tirando assim o controle do lugar
das mãos dos jesuítas.
CONCLUSÃO
Borba foi a primeira Vila que
surgiu na área que hoje é o Estado do Amazonas. A elevação administrativa do
local tinha a finalidade de contribuir para o povoamento da Capitania de São
José do Rio Negro e fortalecer a presença da coroa portuguesa na parte oeste da
Amazônia, contra o perigo da presença espanhola ali próximo nas suas colônias.
A partir de 1785,Borba passou a
cultivar e exportar café para a capital do Grão-Pará, Belém. Já na época da
Cabanagem Borba resistiu várias vezes aos ataques dos cabanos. Mas, com o tempo,
o lugar ficou também conhecido pela devoção de seus habitantes à Santo Antônio,
que se tornou o padroeiro do município.
Hoje a festa de Santo Antônio de Borba,
realizada anualmente na cidade, é a maior manifestação religiosa e católica de
todo o Amazonas.
FONTE: Livros “História do
Amazonas",de Arthur Reis; "Manáos, sua história e seus motins políticos”,
de Bertino Miranda.
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