A CIDADE PERDIDA NA REGIÃO DO RIO JAPURÁ, NO AMAZONAS
Quando estava na cidade de Tefé, no Estado do Amazonas, em 1928,o poeta e escritor Mavignier de Castro conheceu o senhor Eutíquio Izel Rodrigues que anos depois viria a falecer em Manaus.
Ao fazer amizade e conversar com o renomado escritor, Eutíquio
lhe contou um fato interessante no qual ele disse ter participado, junto com
outros trabalhadores, de uma descoberta misteriosa no meio da selva amazônica.
O fato foi relatado pelo homem da seguinte maneira:
Em um dia, do ano de 1916, Eutíquio Rodrigues tripulou uma
igarité com 5 remadores, dispostos a explorar um dos fartos castanhais situados
nas ribanceiras de um igarapé no Alto Rio Japurá, num local distante de onde
estavam.
Ilustração de uma cidade perdida em algum ponto do Brasil. |
Eles então partiram em sua canoa, levando entre eles um
negro conhecido como "Mandapolão",que era um hábil mateiro,mas que
desconhecia aquelas distantes paragens inexploradas para onde eles iriam se
dirigir.
Movidos pela necessidade,ambição e coragem,cada um daqueles
exploradores levava seu rifle e seu terçado afiado,tanto para abrir caminho da
mata como para caçar e se defender de algum animal selvagem que lhes aparecesse
à frente.
E assim eles seguiram remando em sua embarcação.Durante 26
dias a canoa singrou as águas rio acima,até encostar em um barranco de terra
vermelha.
Encostada a canoa,os 6 homens então adentraram pela mata
virgem,abrindo caminho através de golpes de terçado desferidos pelo experiente
mateiro.Em poucos dias o varadouro aberto por eles levou o grupo a um vasto
castanhal,que surgia de dentro da mata impenetrável.
Agora os homens estavam alegres,pois tinham achado o que
mais queriam e que iria lhes trazer uma soma em dinheiro depois de embarcar a
castanha e levar à cidade. Porém a alegria durou pouco pois naquele momento um
grito aterrorizante ecoou pelo ar.Tratava-se do mateiro Mandapolão,que acabava
de ter sido picado por uma cobra Surucucu,contorcendo-se ele de dor,no qual o
efeito do veneno começava a lhe paralisar as pernas e afetar sua visão.
Mesmo assim,com a voz quase inaudível, mandou todos seguirem
marcha rumo ao Sul,onde achava que seria o caminho mais rápido para chegar à
algum igarapé para assim embarcarem de volta e salvar sua vida.
Desse modo,orientados pelo sol,e levando o ferido
carregado,chegaram em pouco tempo a outro igarapé tributário do rio
Japurá.Contudo embora cansados,romperam outra vereda pela mata cada vez mais
densa.
Mas o roteiro desnorteado que eles traçaram(já estando os
exploradores combalidos e na ânsia de fugirem do cenário misterioso),acabou por
lhes aumentar mais o seu espanto com a surpresa de uma descoberta inconcebível.
Foto, do século XIX, de uma canoa navegando pelo Rio Japurá, área onde teria acontecido a inusitada descoberta de uma cidade perdida no tempo. |
Em dado momento,quando desesperados abriam caminhos pela
floresta em busca da saída,se depararam com uma grande clareira onde enormes
blocos de pedra se amontoavam.
Espantados,os homens perceberam que eram as ruínas de uma
antiga cidade que teria sido habitada por alguma civilização desconhecida e
onde se viam colunas,pilares,pórticos,templo religioso,palácio que seria dos
governantes,ruas e residências que iam surgindo entre a vegetação na medida em
que os homens caminhavam,onde se mostrava uma bela e antiga arquitetura.
Estando agora explorando sua incrível descoberta,eles então
chegavam no ponto mais central da desconhecida cidade,onde deram uma parada
pois o mateiro Mandapolão,já com seus órgãos seriamente comprometidos pelo
veneno da cobra,dava seu último suspiro.Os homens,sem outra alternativa,pegaram
seus terçados e cavaram ali mesmo a cova,enterrando a vítima, onde fizeram uma
pequena cruz e a cravaram na sepultura do infeliz.
Resolveram eles então passar o pernoite na cidade
misteriosa,pois já estavam muito cansados.
No dia seguinte abandonaram o local e,perdidos,seguiram seu
rumo com a esperança de encontrar a saída.Enfim,para sorte deles,alcançaram as
margens de um rio cujo seguimento os levou de retorno ao rio Japurá e ao local
onde haviam desembarcado.Ali embarcaram em sua canoa e voltaram a seu lugar de
origem.
E,para provar que não estava mentindo,Eutíquio mostrou a
Mavignier um fragmento de pedra lavrada,ostentando um friso em relevo,que ele
trouxe da dita cidade.Era a prova material de sua narrativa que,como bem
mencionou o escritor,foi também confirmada para ele por outros dois homens que
participaram da expedição .
Mavignier lembrava que o etnólogo alemão Kurt Namendaju
fazia referência de certos índios do rio Japurá que diziam irem,de vez em
quando, praticar um ritual numa grande "itaoca"(cidade de pedra)que
ficava numa parte da floresta que só eles sabiam e não permitiam o acesso ao
local a nenhum homem branco.
Lenda ou realidade? cada qual tire sua conclusão.
Fonte: livro "Amazônia Panteísta" de Mavignier de
Castro.
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