CHE GUEVARA NO AMAZONAS
Em 2018 o geógrafo Francisco Evandro Aguiar, que foi professor da Universidade Federal do Amazonas e é doutor em geografia física pela Universidade de São Paulo, lançou um livro intitulado "Rio Javari- O Rio martirizante na Bacia Amazônica", onde analisa aspectos físicos, históricos e populacionais da região do Rio Javari, área localizada no Estado do Amazonas, na fronteira do Brasil com o Peru.
Num dos capítulos de seu livro se tem uma interessante e, para muitos, desconhecida informação de uma estadia no Amazonas do famoso revolucionário argentino Ernesto "Che" Guevara (1928-1967).
Após o fim da revolução cubana em 1959, com o triunfo dos
revolucionários comandados por Fidel Castro, Che Guevara (um dos principais
líderes da revolução em Cuba) procurou ir para outros países com a finalidade
de ali liderar e começar movimentos guerrilheiros com a finalidade de implantar
o socialismo.
A pesquisa afirma que o guerrilheiro argentino chegou então no Norte da
América do Sul. Estando ele no Peru, navegou em uma embarcação pelo rio
Amazonas e entrou em território brasileiro anônimo e disfarçado como um
passageiro qualquer, pois procurou não revelar para ninguém sua verdadeira
identidade (caso fosse descoberto seria preso imediatamente, extraditado ou até
executado).
Nas imagens se tem primeiro Che Guevara com seu tradicional charuto, e abaixo se tem uma vista da cidade de Tefé, no Amazonas. |
O ARGENTINO CHEGA AO RIO JAVARI
Baseado em pesquisas e depoimentos, se menciona que ao entrar
clandestino no Brasil, no Estado do Amazonas, Guevara havia chegado na boca do
rio Javari, mas precavido evitou contatos na cidade de Benjamin Constant, e
subiu o rio em busca de um local mais escondido e seguro que pudesse descansar
por um tempo.
Guevara já era bem conhecido no Brasil desde que recebeu do presidente Jânio quadros, em 1961, uma condecoração. Sabendo disso, o argentino tomava todo o cuidado necessário para não ser reconhecido naquela parte do Norte do Brasil.
Já estando estabilizado no Brasil, Che Guevara conheceu um homem chamado Sidnei Castelo Branco. Sidnei era um simpatizante da Revolução Cubana e também conhecia toda aquela região. Possa ser que em algum momento Che, confiando na simpatia que o homem tinha por sua causa, tenha revelado só para ele quem realmente era(mas não se tem certeza).
O certo é que os dois amigos navegaram de subida o Rio Javari chegando eles à casa do comerciante Francisco Carvalho de Oliveira, mais conhecido na região como Chico Batista. Chico era proprietário de duas serrarias, onde fazia a extração de madeira de lei naquela área.
Segundo relatos do próprio Chico Batista, o desconhecido estrangeiro ficou hospedado em sua casa, próximo às serrarias, por um mês. Mencionou que o argentino era muito tranquilo, falava pouco e permaneceu todo o tempo bem discreto. Não era exigente com a alimentação e comia tudo que lhe ofereciam, inclusive os peixes regionais, onde almoçava junto com os empregados da serraria e o patrão. Ele dormia tranquilamente numa rede do mesmo modo que os trabalhadores.
Porém o hóspede revelou que era médico de formação o que fez com que os moradores das imediações, ao saberem da novidade, se dirigissem à casa de Chico para serem atendidos pelo forasteiro, pois ali era uma região bastante carente onde não se tinha nenhuma assistência médica. O argentino atendia à todos, dava o diagnóstico de suas enfermidades e escrevia num papel os cuidados e medicamentos que tinham de tomar. Porém Chico percebeu que seu hóspede nunca assinava nenhuma receita.
Segundo Chico Batista, quando Che Guevara resolveu ir embora deu-lhe um
forte abraço e disse "muchas gracias". O estrangeiro disse-lhe que
pegaria um barco de passageiros em Benjamin Constant e viajaria até a cidade de
Tefé, no médio Solimões, onde pretendia ficar ali por um tempo exercendo sua
profissão de médico.
Consta que Che ficou em Benjamin Constant por pouco mais de um dia, quando enfim saiu um barco recreio onde ele embarcou.
Depoimentos afirmam que Guevara chegou a seu destino em Tefé, onde
permaneceu anônimo na cidade por vinte e oito dias. Ali o argentino exerceu a
profissão de médico, como pretendia, empregando-se numa fundação de
assistência. No pouco tempo que esteve em Tefé, ele interagiu com a comunidade,
tendo, inclusive, namorado com uma enfermeira. No livro o autor diz que a
principal pessoa em Tefé que teria mais informações sobre o tempo que ali o
argentino teria permanecido já havia falecido.
CONCLUSÃO
Segundo narrativas, não se tem informações para onde Guevara foi quando
saiu de Tefé. Talvez tenha pegado um avião e se dirigido para alguma outra
cidade maior do Brasil e de lá seguido para o Uruguai ou outro país
sul-americano.
O certo é que em 1967 ele era executado na Bolívia pelo exército boliviano, quando liderava um grupo de guerrilheiros.
Fonte: livro "Rio Javari- O Rio martirizante
da Bacia Amazônica", de Francisco Evandro Aguiar.
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