O DESTINO DOS PARTICIPANTES DA REBELIÃO TENENTISTA EM MANAUS: A DEPORTAÇÃO.

Em 23 de julho de 1924, influenciados pelo tenentismo e liderados pelo tenente Ribeiro Júnior, militares do 27⁰ Batalhão de Caçadores (unidade do exército brasileiro sediada em Manaus) e da Flotilha do Amazonas se rebelam contra o governo federal e estadual e tomam o poder, depondo do cargo o governador do Amazonas, César do Rêgo Monteiro.

Porém a resposta do governo federal não iria demorar pois logo foi formada as Forças de Destacamento do Norte, composta por militares do Exército e Marinha e comandada pelo general Menna Barreto, que saíram do Rio de Janeiro em 2 de agosto de 1924, com destino à Manaus para sufocar a rebelião militar.

As tropas federais chegaram à Manaus, em seus navios, em 28 de agosto, logo prendendo o tenente Ribeiro Júnior e seus companheiros militares e civis participantes do movimento. Houve protestos da população que era em sua maioria favorável ao governo de Ribeiro Júnior.

Em seguida foi decretada uma intervenção federal no Amazonas.

Com as celas da penitenciária e quartéis lotados de militares rebeldes participantes da rebelião, o governo federal então, para se ver livre deles, resolveu fazer o que era mais óbvio na época: expulsá-los para bem longe da capital do Amazonas.

Ficou então decidido que eles seriam deportados para o território do Acre, com a finalidade de que nunca mais voltassem de lá.


Na imagem, de 1924, se vê um grupo do exército após voltar do Amazonas para o seu estado de origem e que fez parte das Forças de Destacamento do Norte, que foi responsável pela prisão dos militares rebeldes em Manaus.


EMBARQUE E DESPEDIDA - CUMPRIMENTO DA ORDEM, CHOROS E LAMENTOS NUMA NOITE CHUVOSA

No dia 25 de agosto de 1924 se encontravam no porto de Manaus, devidamente escoltados,35 ex-soldados do 27⁰ B.C. prontos para serem embarcados no navio a vapor "Rio Mar" com destino às terras acreana.

Era noite e chovia forte, e ali se viam entre as autoridades, populares e familiares dos condenados, os ex-militares, cabisbaixos e molhados, aguardando pelo seu destino. A dureza da lei exigia agora o que se consumava: a deportação dos revoltosos.

Cenas tristes ali se presenciaram naquela noite, mães choravam pelos seus jovens filhos, irmãs e namoradas soluçavam abraçadas a eles, pais davam, talvez, o último adeus a seus filhos.

Os ex-soldados rebeldes selecionados para o desterro eram, como já se mencionou, no total de 35, sendo eles os seguintes:

Renato Menezes Bentes, Deusdeth Bastos Fernandes, Cláudio de Araújo Lima, Antônio Lopes, Manoel Marques Garcia, Manoel Coelho Meirelles, Jorge Alexandre Ribeiro, Damião Tomé de Souza, Meredy Andrade Thury, Márcio Menezes, Domingos Floriano Sampaio, Almerio Ernesto Pinho, Waldemir de Almeida Cruz, Domingos Barbosa da Silva, Vicente Bahia Sobral, Elysio Alberto Castello Branco, Lauro Rodrigues, José Dias da Silva, Heitor Pernet, João do Rêgo, Félix Valois Coelho, Pedro João da Silva, Jorge Rebello Omar, Corrêa Teixeira, Otávio Guimarães, Eugênio Mariano da Silva, Antônio Seixas, José Corrêa Teixeira, Henrique da Costa, Mecides, João Pereira Xavier, Homero César de Oliveira, Leônidas Monteiro, José Frazão Ribeiro e Ícaro Carvalho.

Após serem embarcados, os degredados ficariam vigiados por seis guardas-civis (cujo chefe era Lindolfo de Souza Marques) e demais militares do exército até seu destino final. Enfim às 22 horas, o "Rio Mar" zarpava levando consigo sua carga de degredados. Para o governo era um alívio se livrar daqueles chamados subversivos, mas para parentes e amigos era uma injusta e dolorosa solução encontrada para os prisioneiros. Não se sabe o que aconteceu a eles ao chegarem ao Acre e como foi sua permanência ali nos anos seguintes.

Pouco depois, em janeiro de 1925, uma nova leva dos participantes da revolta tenentista no Amazonas (num total de 120 presos) eram embarcados, em Manaus, no vapor "Cuyabá" com destino ao exílio na colônia penal de Clevelândia, no extremo norte do país na fronteira do Brasil com a Guiana Francesa (onde hoje é o Amapá), unidade prisional que ficou conhecida como o "inferno verde" devido às várias mortes de presos que ali ocorreu ocasionadas pelo trabalho exaustivo, doenças e torturas.


Fonte: Jornal "A Liberdade".

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