CURIOSIDADES DO PASSADO MANAUARA - ACENDER CHARUTOS COM NOTAS DE 500 MIL RÉIS? EXTRAVAGÂNCIA REAL OU MITO?


Ilustração mostrando o inusitado fato.


Vários escritores do passado, além da tradição oral, mencionaram em suas obras de que no Amazonas, durante os primeiros anos do século XX no chamado tempo áureo da borracha, era comum os ricos seringalistas acenderem seus charutos com notas de 500 mil réis quando estavam em banquetes, bailes sociais e carnavalescos e nos cabarés chiques, como uma maneira deles mostrarem a todos seu poder e riqueza.

Mesmo após o fim do ciclo da borracha e ao longo das décadas essa atitude de extravagância ficou sempre lembrada, chegando até aos dias de hoje. Muita gente acreditou no fato, porém outras pessoas duvidaram, e outras inclusive criticavam afirmando que esse absurdo só acontecia devido ao trabalho sofrido dos anônimos seringueiros na mata, os verdadeiros geradores da riqueza econômica do Estado.

Mas, afinal, isso na realidade acontecia ou se trata de mais um dos vários mitos que permeia na história do Estado?

Bom um antigo cronista esportivo que era conhecido pelo pseudônimo de "Aessene" afirmou que o fato realmente aconteceu, inclusive mencionando quem foi o verdadeiro autor da façanha.


O aristocrático Ideal Clube no início do Século XX. Teria sido aí que aconteceu o famoso feito de acender o charuto com a cédula? 


Aessene nasceu em Manaus em 1902 e viveu o período faustoso pelo qual a cidade passou, sendo testemunha ocular de vários fatos da vida social da capital amazonense daquele período e que, anos depois, ele sempre relembrava publicando suas lembranças em sua coluna, aos domingos, de um jornal local.

O cronista afirmava que a primeira vez que a atitude aconteceu foi durante uma reunião social, num baile de gala num conceituado clube de Manaus.

Ali, no agitado baile, se encontrava a nata da elite manauara. E entre eles estava o jovem José Luciano de Moraes Rego, bem estimado e popular pelos rapazes de sua classe social e principalmente pelas moças da alta sociedade.

José Luciano era conhecido pelos amigos íntimos como "Zeca Bandalheira", devido ser um sujeito bem brincalhão.

Em um determinado momento da festa, no salão, José Luciano puxou de seu bolso uma nota de 500 mil réis e em seguida acendeu com ela seu charuto Havana, causando surpresa geral, comentários e espanto entre os presentes. Não se sabe se o jovem fez por pura brincadeira, se para demonstrar a todos que era rico ou para impressionar as moças (ou então pelas três coisas).

O certo é que a atitude de José Luciano ficou muito comentado entre os membros da elite e também entre os populares de Manaus na época.

O que não se sabe é se depois outros ricos da cidade resolveram imitar o feito do rapaz, para também dizer que eram poderosos financeiramente, ou se foi só o ato isolado de "Zeca Bandalheira" que chegou, através do tempo, na atualidade (porém sem se saber quem era seu verdadeiro autor).

Aliás, 500 mil réis seriam avaliados nos dias atuais como algo em torno de 1.500,00 reais.


Fonte: Jornal do Commercio.

 

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