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Mostrando postagens de 2024

ABANDONO E MORTICÍNIO NO INTERIOR DO AMAZONAS

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Em 1916 chegava à Manaus um grupo de cerca de 50 pessoas, entre homens, mulheres e crianças, que haviam chegado dos sertões do Nordeste, então expulsos pelo terrível flagelo das secas que castigava aquela região. Embarcados eles em um navio a vapor, desembarcaram na capital amazonense com a finalidade de arranjar emprego nos seringais do interior do Amazonas e melhorar sua situação para que um dia retornassem à sua terra de origem com uma situação financeira tranquila. Enfim, em abril de 1916, a firma comercial "Moura Brasil & Cia", que era proprietária de seringais no rio Aripuanã, acabou contratando em Manaus todos os 50 recém-chegados nordestinos, que seriam alocados para trabalhar nos seringais de propriedade da firma. Na ilustração, de Lúcio Izel, aparece o sócio da firma espantado ao encontrar vários corpos na mata. A CHEGADA AO IGARAPÉ PAXIÚBA Embarcados todos num navio, navegaram pelo rio Madeira e dali penetraram em um de seus afluentes, o rio Aripuanã. C...

NO AMAZONAS, BANDO DE HERCULANO CRUZ INVADE E SAQUEIA A VILA DE CANUTAMA

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Quando a exportação da borracha e a sua consequente queda do preço entrou em crise no estado do Amazonas, os locais que dependiam da produção do produto entraram em profunda decadência. E, devido a isso, a pobreza aumentou mais ainda com a fome se alastrando por vários pontos do estado fazendo surgir no interior do Amazonas alguns grupos insurgentes que, bem organizados, armados e direcionados por líderes, invadiam os seringais, comunidades e vilas, saqueando as casas comerciais, agredindo os moradores e enfrentando a polícia, resultando em mortes. O ápice dessa crise econômica e conflitos aconteceu no ano de 1921 quando estouraram várias ocorrências no interior, umas devido ao desespero da população em busca de gêneros alimentícios e outras devido a enfrentamentos violentos nas regiões do Baixo Amazonas, rio Madeira e Rio Purus, com ação de bandos armados que desafiavam as autoridades constituídas, espalhando o terror nas zonas em que atuavam. Um desses bandos surgiu na área do ri...

UM SERTANEJO COMBATENTE DE CANUDOS QUE SE REFUGIOU NO AMAZONAS

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O grande artista e folclorista amazonense Moacir de Andrade relatou em um de seus livros que teve a oportunidade de conhecer, quando criança, um homem que foi seguidor do célebre Antônio Conselheiro e combateu por ele no arraial de Canudos, no interior da Bahia, contra as forças militares do governo brasileiro. Tendo sido a Vila de Canudos derrotada e destruída, só restou ao dito personagem fugir, vindo então para o Amazonas onde se tornou seringueiro numa nova fase de sua vida. Ali onde trabalhava, num seringal do rio Aripuanã, estava o pequeno Moacir de Andrade acompanhando seu pai que também ali labutava na mesma função de seringueiro. Foi aí que Moacir passou a escutar as várias histórias que o veterano conselheirista falava à todos interessados de como se deu aquele sangrento conflito que ficou marcado na história do Brasil. Seu nome era Antônio Brígido que era natural do Estado de Pernambuco e que sempre estava com um cachimbo do lado da boca. Moacir prestou muita atenção em ...

PERSEGUIÇÃO À "PAJELANÇA" NO AMAZONAS NO INÍCIO DO SÉCULO XX

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É ainda na época provincial que aparece uma das primeiras notícias da presença de praticantes de religiões afro-brasileiras (com forte influência da pajelança indígena) no Amazonas. Trata-se da promulgação do código de posturas da Vila de Barcelos que foi promulgado em 13 de maio de 1875, na qual certas leis vinham com proibições de vários tipos de conduta. E, entre elas, o artigo 44 do código dizia o seguinte: " Todo aquele que intitular-se pajé ou que a pretexto de tirar feitiços se introduzir em qualquer casa, ou receber alguém para simular curas por meios supersticiosos e bebidas desconhecidas, ou para fazer adivinhações e outros embustes, incorrerá na multa de vinte mil réis ou seis dias de prisão, assim como o dono da casa". Essa lei era bem clara e mostrava a punição que seria aplicada a qualquer um que, acusado de praticante de "feitiçaria", desobedecesse e fosse pego dando consultas para as pessoas. Em 1893 se tem uma outra pioneira notícia de seguido...

REGATÃO ITALIANO ENTRA EM DESAVENÇA COM SERINGUEIRO E ACABA SENDO VÍTIMA DE BARBARIDADE

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A zona do rio Madeira era uma das principais produtoras de borracha da Amazônia no início do século XX, e ali estava localizado o rio Abunã que, por sua vez, é um afluente do rio Madeira. Na época grande parte do rio Abunã, em território brasileiro, pertencia ao Estado do Amazonas e hoje a área faz parte do Estado de Rondônia, passando também pelo Acre. O local faz fronteira com a Bolívia (pois o mencionado rio nasce nesse país) e havia em sua margem uma vila chamada Fortaleza do Abunã, que nesse período era uma localidade amazonense e um entreposto da borracha. Pois bem, haviam na margem do Abunã vários seringais com muitos trabalhadores, onde a borracha era dali embarcada para Porto Velho e depois para Manaus. Ali naquela zona do Abunã vivia, em 1918, um italiano chamado Antônio Giuseppe que era conhecido por todos pelo apelido de "Camões”, em virtude de ser cego de um dos olhos. Antônio Giussepe deixou a Itália e chegou ao Amazonas para trabalhar e não resolveu ficar na c...

DENÚNCIAS E CASO DE POLÍCIA: EM MANAUS, NO INÍCIO DO SÉCULO XX, O "FOOT-BALL" CAI NO GOSTO DA GAROTADA QUE TRANSFORMA AS RUAS E PRAÇAS EM LOCAIS DE JOGOS, GERANDO PROTESTOS DA POPULAÇÃO

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Trazido ao Amazonas pelos ingleses que mantinham seus empreendimentos no estado, o futebol amazonense teve início nos primeiros anos do século XX, praticado em Manaus inicialmente pelos próprios ingleses e depois por jovens nativos membros da elite amazonense, sendo que os primeiros locais para sua prática, na cidade, foram na Praça Floriano Peixoto e no Bosque Municipal. Em poucos anos o esporte bretão conquistou todos os manauaras de todas classes sociais, surgindo vários clubes da modalidade que anos depois culminaria na realização do primeiro campeonato de futebol do Amazonas, em 1914. Na ilustração, de Lucio Izel, se vê garotos, no início do século XX, jogando o futebol na Praça de São Sebastião, um dos locais preferidos deles para realizar suas peladas e alvo constante de denúncias de quem passava pelo local. Porém era a criançada e os pré-adolescentes que mais se fascinaram pelo esporte inglês, caindo no gosto da molecada que não media esforços para o praticar em qualquer terr...

BARBARIDADE NA AMAZÔNIA EQUATORIANA

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O fato aconteceu no longínquo ano de 1917 e envolveu um casal de seringueiros do Ceará que foram vítimas de crueldades, sendo o resultado de sua trajetória estampada na primeira página de um jornal de Manaus que mencionou os "atrozes martírios" que passaram e que resultou em torturas e morte que, como bem publicou o noticiário, foram "horrores piores que os da santa inquisição". Em 1914 chegava à Manaus um casal de cearenses chamado Manoel Antônio de Castro e Madalena Lima de Castro. Como a maioria dos nordestinos daquela época, eles migraram de sua terra para o Amazonas em busca de uma vida melhor, visando trabalharem nos seringais da região e um dia voltar ao Ceará com muito dinheiro. De Manaus o casal foi para um distante seringal no rio Içá onde ficaram trabalhando arduamente por dois anos. Na ilustração, de Lucio Izel, se tem os capangas de Dom Rômulo esquentando os dois espetos para introduzir na boca de seu prisioneiro.  A CHEGADA NO EQUADOR E O EMPREGO NUM...

EM 1914 INGLESES LEVAM A MELHOR E ARREBATAM TÍTULO NA DISPUTA DO PRIMEIRO CAMPEONATO AMAZONENSE DE FUTEBOL DA HISTÓRIA

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Trazido ao Amazonas pelas mãos (e pés) dos ingleses o futebol aos poucos foi conquistando a simpatia de toda população amazonense, principalmente das classes populares. Desde a fundação em Manaus, em 1906, do primeiro clube local dedicado ao futebol (o Racing Club) que aos poucos as atenções dos manauaras se voltaram para o esporte bretão, se tornando a modalidade a principal forma de lazer e entretenimento de todos. Com o passar dos anos a importância do futebol só crescia em Manaus, surgindo centenas de novos clubes como também os primeiros craques amazonenses das 4 linhas (entre eles o jovem Alberto Balalai). A PRIMEIRA TENTATIVA DA FUNDAÇÃO DE UMA LIGA EM 1909 Porém com o aumento e importância que o "football" conquistou na capital amazonense, os dirigentes dos principais clubes perceberam a necessidade de organizar um campeonato estadual que seria disputado com os principais times de Manaus. Essa primeira tentativa aconteceu em 1909 quando se chegaram a fazer reuni...

A CABANAGEM NO AMAZONAS - NOS ANOS FINAIS DO CONFLITO, CABANOS AINDA RESISTEM NAS CERCANIAS DE LUSÉA

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No ano de 1839 a província do Grão-Pará já estava praticamente pacificada da revolução cabana e isso devido à brutal repressão das tropas do império brasileiro que, expulsando os revolucionários da capital Belém, os empurrou cada vez mais para o interior da província sem deixar de seguir no encalço deles onde quer que houvesse focos de resistência cabana. Mas na comarca do Alto Amazonas (atual Estado do Amazonas), os cabanos ainda resistiam e mantinham várias fortificações na área compreendida entre a Vila de Luséa e os rios Maués e Madeira. Ali os cabanos tiveram a adesão dos índios Muras que passaram a defender os ideais deles e foram inseridos nas fileiras dos rebeldes a lutar contra as forças do governo legal, afinal, diziam os Cabanos, os indígenas durante muito tempo foram vítimas de mortes, exploração e escravidão por parte dos portugueses e seus aliados no governo. Na ilustração menor, acima, à esquerda, está uma cena da região de Maués, no Amazonas. Na ilustração à direita s...