CONTOS DA AMAZÔNIA - RELATOS DE UM ESTRANHO ANIMAL ABATIDO NO INTERIOR DO AMAZONAS
Era o ano de 1922 em terras do município de Boca do Acre, no Estado do Amazonas. O seringueiro Antônio Lopes se encontrava no meio da mata em mais um dia de exaustivo trabalho, quando percebeu algo estranho se mexendo entre as folhagens. Quando direcionou seu olhar para o local viu, espantado, dois seres que nunca tinha visto antes, de feições assustadoras. Estando com medo, o seringueiro não perdeu tempo e logo mirou sua espingarda nos dois animais, dando tiros e matando um deles, enquanto o outro que o acompanhava sumiu pela mata adentro.
Passaram-se 38 anos e eis que em
setembro de 1960 um outro trabalhador empregado no seringal Santana, localizado
na margem esquerda do rio Purus, chamado Antônio Feitosa, também abateu a tiros
um estranho ser da mesma espécie que Antônio Lopes tinha matado muitos anos
antes.
Antônio Feitosa, um caboclo
acostumado a caçar naquela zona do seringal Santana, resolveu um certo dia sair
em mais uma de suas caçadas costumeiras e armou-se com sua espingarda calibre 16.
Foi quando em determinado momento da caçada, deu de frente com o ser que tinha
uma aparência grotesca. Assustado, Feitosa o abateu com dois tiros e, logo
tendo certeza que o animal estava morto, se aproximou do bicho com a finalidade
de levar seu corpo, mas não conseguiu devido ao mau cheiro insuportável que
exalava do corpo do ser, fazendo com que o seringueiro vomitasse muito e
desistisse de o levar, impulsionado pelo forte odor e temeroso que aparecesse
outro daquele bicho desconhecido, o que o fez debandar na carreira.
NOTÍCIA SE ESPALHA PELA
IMPRENSA DE VÁRIOS ESTADOS DO PAÍS
O certo é que a notícia de que um
seringueiro tinha morto um monstro no meio da floresta amazônica se espalhou
por toda aquela área e pela imprensa de todo Brasil, se mencionando que o
monstrengo tombado era o lendário "Mapinguari”, um ser temido pelos
caboclos do interior do Amazonas e que devorava carne humana.
Porém um importante jornal de
Manaus resolveu saber ao certo essa história, afirmando os redatores que não
acreditavam em contos de Mapinguarí, mas devido a repercussão da notícia fantástica,
conforme afirmou o jornal, estavam diante de um fato novo e de um possível
animal inteiramente desconhecido e que despertaria o maior interesse científico
e jornalístico, caso fosse confirmado o fato.
JORNAL DE MANAUS PEDE
INFORMAÇÕES FIDEDIGNAS DE UM RESPEITÁVEL RELIGIOSO
E, com o intuito de dar às
pessoas informações seguras sobre o assunto, a redação do jornal amazonense
telegrafou para o Frei José Maria Carneiro de Lima, vigário de Boca do Acre,
solicitando dele todas as informações possíveis, verídicas ou não, pois sabiam
que o sacerdote era uma pessoa séria e um estudioso das ciências naturais, além
de sertanista afeito aos mistérios das matas do Purus. Afinal de contas, os
redatores do jornal souberam que o mencionado Frei sabia com exatidão o que
realmente aconteceu com relação à morte do que seria um espantoso animal.
Ao receber o telegrama, o Frei
José Maria logo respondeu, em dezembro de 1960, dando os detalhes do ocorrido.
Logo que soube da notícia que um trabalhador matara algo incomum, o Frei
resolveu investigar e embarcou em sua lancha, na cidade de Boca do Acre, rumo
ao seringal Santana, onde aconteceu o inesperado fato. A lancha, partindo da cidade,
demorou 4 horas navegando para chegar a seu destino e, do dito seringal até o chapadão,
ou terra firme, onde o animal foi morto, foram mais três horas varando a pé
pela mata bruta.
Bom, após a longa caminhada, o
padre José Maria chegou ao local indicado onde o animal foi morto, com a
esperança de encontrar a ossada dele, mas como já tinham se passado dias, as pacas,
cutias e aves de rapina já haviam devorado a carcaça, não sobrando nada.
Mas o padre também mencionava que
outro ser da mesma espécie do que foi morto estava espantando as pessoas da
mesma região, a ponto de dois seringueiros abandonarem suas colocações,
apavorados com os terríveis gritos que o animal emitia, sempre de madrugada.
O padre afirmava que pelos
relatos das pessoas, o animal morto e outros de sua espécie vistos, não eram o
famoso Mapinguarí pois as características físicas não batiam com a do monstro
lendário.
Afirmou que tratava-se de um ser híbrido,
de caititu com queixada, tendo outras peculiaridades completamente
desconhecidas pela ciência.
O ser possuía pêlos parecidos com
de uma preguiça, era bípede, a face lembrava um porco do mato, os pés eram
grandes tendo duas unhas na parte superior, os dentes eram caninos sendo muito
salientes na parte inferior do maxilar, tinha cauda curta como de um porco, mas
coberta de pêlos e exalava um cheiro horrível. Os olhos do bicho eram
tenebrosos como bem atestaram todos que o viam e quem o matou.
Há anos que a criatura era
conhecida dos caboclos e indígenas daquela região pois várias vezes tinha sido
avistado.
Apesar do aspecto feroz e assustador,
o padre dizia que o animal era absolutamente inofensivo, pois só andava de
madrugada e nunca havia atacado um ser humano, se alimentava de frutas e folhas
e calculava que ele pesava cerca de 50 quilos, pois tinha estatura mediana.
O mesmo padre afirmava que tinha
ouvido várias vezes o grito assombroso do animal, quando saía pra caçar à noite,
além de encontrar várias vezes o rastro do bicho e sentir seu fedor
insuportável.
Foi o padre José Maria que deu,
via telégrafo, a primeira notícia sobre o acontecido, mas que revelou tratar-se
ainda de informações vagas.
Contudo as notícias acabaram
tomando feições exageradas, pois vários jornais do Brasil publicaram que era um
bicho de feições humanas com um olho e boca enorme, dizendo o religioso que
tudo isso eram fantasias exageradas de vendedores de jornais e que esses mesmos
jornais também noticiaram que tinha chegado em Boca do Acre um cientista para
estudar o animal que o próprio Frei tinha matado. Lógico, o sacerdote desmentiu
todas essas notícias.
RELIGIOSO TINHA ESPERANÇA DE
CAPTURAR A CRIATURA (POIS ACREDITAVA EM SUA EXISTÊNCIA) PARA FAZER ESTUDOS
Mas Frei José dizia que estava
esperando ansioso começar a safra do Buriti, no ano seguinte, para ver se ele
com um grupo de caçadores conseguisse apanhar o ser misterioso e o aprisionar afinal,
como se falava, haviam vários outros espécimes do bicho que estavam há tempos
assombrando os moradores do centro do seringal Santana e imediações. Então,
como bem relatava o Frei, com fotos ou com o animal embalsamado, trariam à luz
da ciência uma grande atração até aquele momento desconhecida.
Lenda ou realidade? acredite se
quiser.
Fonte: Jornal do Commercio.
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