LENDAS DA AMAZÔNIA: UM NAVIO ILUMINADO E A APARIÇÃO DA COBRA- GRANDE

Era o início do século XX no Amazonas, e a exploração da borracha seguia a todo vapor no interior do estado, afinal o Brasil era o maior exportador do produto naquele momento.

Havia em algum ponto do rio Juruá um pequeno seringal num local bem distante e isolado, onde três seringueiros ali trabalhavam e residiam. Uma vez ao mês o patrão deles vinha em seu barco deixar mantimentos para eles e embarcar a produção para levar à cidade.

Tudo corria normal. Porém o tempo passava e o patrão não apareceu no período marcado para abastecer seus trabalhadores. Os dias se passavam e nenhuma notícia do patrão. Os trabalhadores já estavam preocupados pois seus mantimentos estavam acabando e não existia nenhuma pessoa morando perto para lhes ajudar.

Mas em uma determinada noite, estando eles dormindo em sua barraca na beira do roíeis que acordaram com o barulho de um forte banzeiro nas águas. Ao olharem na direção do rio viram que algo muito grande navegava por ali passando, não muito distante, em frente à barraca. Ora, embora estivesse bem escuro, deu para ver que parecia ser um grande navio a vapor pois se viam várias luzes vindo de lá. Os homens ficaram alegres pois com certeza era algum barco abarrotado de mercadorias que, por algum motivo, estava fazendo aquele trajeto naquela área remota e que eles podiam ir a bordo em busca de comprar o que precisavam.



Os seringueiros não perderam tempo e dois deles embarcaram numa canoa e remaram rumo ao navio, enquanto o outro homem ficou na margem aguardando o retorno deles com os produtos que necessitavam. Eles então começaram a acenar de sua canoa e dar gritos para a embarcação parar. E foi o que aconteceu pois o barco logo estacionou no rio, pois com certeza o comandante da dita embarcação teria escutado os gritos e visto eles.

Mas, misteriosamente, quando os dois homens chegaram perto da suposta embarcação, eles ficaram estáticos, como que hipnotizados. O outro que estava na margem, percebeu isso e dali notou que havia algo esquisito e começou a gritar para eles voltarem, mas seus amigos não lhe atendiam.

Decidido a ir até lá para ver o que afinal estava acontecendo, o caboclo saltou dentro de outra canoa e seguiu rumo ao encontro do navio e de seus colegas. Quando estava chegando próximo viu que havia algo esquisito flutuando na água, ele então pegou e viu em que eram grandes escamas de cobra, o que lhe deixou mais confuso. Pressentindo o perigo, ele voltou a chamar desesperadamente por seus companheiros para retornarem, mas eles continuavam a lhe ignorar. De repente, começou a se formar grande agitação na água com rebojos no local que estava o navio e aos poucos ele foi submergindo no rio, até desaparecer por completo.

Desesperado e amedrontado, o único sobrevivente remou em sua canoa com toda sua força, fugindo daquela situação, conseguindo ele chegar na margem e quando olhou de volta para o local da tragédia, tudo havia desaparecido, tanto o tal navio com luzes reluzentes como seus dois amigos. Foi aí que ele compreendeu o que enfim tinha acontecido: não era um navio e sim a temida e lendária Cobra-Grande que havia atraído suas presas humanas em mais uma de suas aterradoras aparições.

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Fonte: Tradição oral da família do autor.


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