NO ALVORECER DO ANO DE 1917 - TENTATIVA DE TOMADA DO GOVERNO DO AMAZONAS À FORÇA TRANSFORMA MANAUS, POR DOIS DIAS, NUMA PRAÇA DE GUERRA
Já é bem conhecido que a cidade de Manaus sofreu, em 1910, um
intenso bombardeio motivado por questões políticas. Mas o que pouco se sabe é
que,7 anos depois, a capital amazonense voltava a ser cenário de um outro
sangrento conflito cujo fato teve como motivo o desejo de um grupo político
querer tomar o poder do estado a qualquer custo, recorrendo então para a luta
armada num fato esquecido da historiografia amazonense.
Tudo começou em 1916 quando concorreram para o governo do
Amazonas o Dr. Pedro Alcântara Bacelar, do partido situacionista, e o Sr. General
Thaumaturgo de Azevedo, do partido Liberal, que tinha como candidato a
vice-governador em sua chapa o coronel Lima Bacuri. O resultado da votação
final deu como vencedor a chapa encabeçada pelo Dr. Pedro de Alcântara Bacelar,
o que foi contestado por seu adversário que por várias vezes tentou anular a decisão.
O general Thaumaturgo inclusive contratou os advogados Ruy Barbosa e Clóvis
Bevilaqua para pedir habeas-corpus ao supremo tribunal federal contra a eleição
de Bacelar, não sendo ele atendido e sendo sempre a decisão a favor do
governador eleito, o que gerou ódio e inconformismo no candidato derrotado e
seus seguidores, que resolveram apelar para a violência como uma maneira de se
apossar do poder considerado por eles como ilegítimo.
Conforme decidido, ficou marcado para o dia 1⁰ de janeiro de
1917 a posse do novo governador do Amazonas, em ato que seria celebrado no
Palácio da justiça e onde ali estaria presente toda a sociedade manauara para
prestigiar a solenidade.
A ARTICULAÇÃO SECRETA PARA A TOMADA DO PODER PELOS
REVOLTOSOS - CIVIS E MILITARES SÃO RECRUTADOS PARA A REBELIÃO
Mas o que a sociedade civil e as forças militares não sabiam
é que dias antes, em segredo, os candidatos derrotados Thaumaturgo Azevedo,
coronel Guerreiro Antony e Lima Bacuri, tinham organizado e armado um grande
número de pessoas, civis simpatizantes do partido Liberal e da causa dos
opositores e também membros descontentes do exército. Os revoltosos, bem armados,
combinaram que lutariam por uma causa justa e que não permitiriam a posse de
Alcântara Bacelar, marcando para o dia e hora da posse do mesmo como o momento
do começo da rebelião. O plano consistia em um ataque fulminante tendo
primeiramente como alvos ocupar os prédios de repartições estaduais, em
especial o Palácio da justiça, Palácio do governo, chefatura de
polícia(delegacia)e o quartel da Força Policial. Depois, prenderiam o Dr. Bacelar
e aclamariam o general Thaumaturgo Azevedo como governador do estado.
NA ENTRADA DO ANO NOVO, A SOLENIDADE DE POSSE DO NOVO
GOVERNADOR DO AMAZONAS
Enfim, chegava o dia 1⁰ de janeiro de 1917 em Manaus, e toda
sociedade amazonense era convidada para o pomposo ato cívico daquela tarde.
No Palácio da justiça estavam presentes as altas autoridades
estaduais e federalizo corpo consular do estado e representantes de todas
classes sociais
Em frente ao edifício se formava uma guarda de honra da
polícia militar, sob o comando do 1⁰ tenente Antônio de Paiva Cavalcante. Os
arredores do Palácio estavam tomados por grande número de populares que foram
assistir ao evento.
O desembargador Sá Peixoto, presidente do tribunal de justiça,
se encarregou de dar a posse legal ao novo governador do estado que estaria à
frente do governo do Amazonas no período de 1917 a 1920, conforme assim exigia
a constituição do estado.
Após tomar posse e lavrar o livro, no qual foi lido pelos
desembargadores presentes e pelo Dr. Alcântara Bacelar, o Dr. Sá Peixoto
declarava então encerrada a sessão. O novo governador pediu com a palavra ao
presidente do tribunal a permissão para ler sua plataforma de governo, no qual
foi atendido.
No mesmo momento em que o governador se preparava para tomar
posse, não muito longe dali numa casa particular, um ajuntamento dos rebeldes
da oposição proclamava governador e vice-governador do estado o general
Thaumaturgo de Azevedo e o coronel Lima Bacuri.
O movimento rebelde era comandado por Guerreiro Antony, José
Luciano de Moraes Rego(vulgo "Zeca Bandalheira"),Barão do Solimões,
Carlos de Rezende(promotor público),Bento Brasil (fazendeiro no Rio
Branco),Manoel Nascimento de Araújo (capitão do exército) e o tenente José
Calazans(também do exército).Era grande o número de civis rebeldes disposto a
lutar pela causa dos derrotados nas eleições e que por eles foram recrutados e
armados, e mais de 100 deles estavam concentrados na casa de Guerreiro Antony,
só esperando o sinal para entrar em ação, além de também estarem outros grupos
de insurgentes espalhados em vários pontos da cidade.
NO MOMENTO EM QUE BACELAR LIA SEU PLANO DE GOVERNO, ESTOURAVA
A REBELIÃO
O Dr. Bacelar estava lendo o documento quando, precisamente
às 13 horas, se ouviram três estampidos de foguetes, cujos barulhos vinham do
lado da Avenida Joaquim Nabuco, dizendo-se depois que tinham partido do quintal
da residência do capitão do exército Manoel Nascimento de Araújo. Era o sinal
dos insurgentes para o início da revolta. Momentos depois ouviram-se muitos
tiroteios no trecho compreendido pelas ruas Municipal (atual 7 de setembro),
Barroso, Henrique Martins e Avenida Eduardo Ribeiro. Era a rebelião que
estourava e começava e os revoltosos avançavam furiosamente para tomar os
principais pontos de poder e destituir o recém-empossado governador Alcântara
Bacelar.
A principal coluna de rebeldes populares saiu da residência
do coronel Guerreiro Antony, situada na rua Henrique Martins, armados de rifles
e bombas de dinamite e logo enfrentaram alguns policiais que estavam ali
próximo guarnecendo a casa de detenção (penitenciária), sendo que eles se
dirigiram uns para a Avenida Eduardo Ribeiro e outros para a rua Marechal Deodoro.
Como já dito, o primeiro objetivo dos rebeldes era tomar os 4 principais locais
de poder do estado: Palácio da justiça, chefatura de polícia, quartel da
polícia militar e palácio do governo.
O ATAQUE ÀS REPARTIÇÕES DO ESTADO E COMUNICADO AO
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
O edifício da chefatura de polícia, na rua marechal Deodoro,
foi atacado. O quartel da Força Policial do Amazonas foi cercado e atacado por
todos os lados, assim como o Palácio do governo que foi atacado pelo lado da
Praça da República. De diversos pontos de Manaus grupos armados de civis
dirigiam-se para as repartições públicas e estaduais, atirando para todos os
lados.
No Palácio da justiça estabeleceu-se o pânico entre todos
ali presentes e mais de 600 pessoas que se encontravam nas imediações
acompanhando a posse de Alcântara Bacelar, correram desesperadas para todos os lados.
Apesar do pânico que se estabeleceu no auditório do Palácio, o Dr. Bacelar
continuou com toda calma a leitura de sua plataforma.
Imediatamente a força policial do estado, que estava no
Palácio da justiça para prestar guarda de honra ao novo governador, colocou -se
em posição de defesa.
O oficial Aristides Leite logo se estabeleceu com seus
soldados da linha de atiradores pela rua Lobo D'almada até a Rua 24 de Maio.
O capitão Raimundo Sinésio Benevides,
comandante da Polícia Militar que assistia ao ato da posse,
dirigiu-se imediatamente para o quartel da Polícia onde com seus soldados e
oficiais tratou de organizar a defesa dos poderes legalmente constituídos. Logo
os rebeldes atacaram o quartel da Polícia, mas foram repelidos a tiros, não se
registrando mortes de policiais nesse confronto.
Na defesa do Palácio do governo os atacantes rebeldes foram
repelidos heroicamente pelo pequeno contingente policial que ali se achava de
guarda e que não permitiu que os revoltosos tomassem o prédio, ficando, porém,
feridos três soldados.
No ataque à delegacia os revoltosos não chegaram a invadir o
local, pois apresentavam-se em grupos atirando bombas de dinamite várias vezes
e recuando, até que fizeram pontaria e atiraram impiedosamente contra o prédio,
danificando a fachada toda.
A população, desesperada, corria para os bairros mais
afastados e outros se trancavam em suas casas, o serviço de bondes foi suspenso,
o comércio foi fechado e os jornais não circularam, as ruas estavam tomadas por
rebeldes, policiais e soldados do exército com tiros de rifles, metralhadoras,
canhoes e de dinamites em vários pontos de Manaus. Havia várias barricadas nas ruas,
estando a cidade em guerra.
Enquanto esses fatos se davam e providências eram tomadas
pelas autoridades legalista, se dirigia subindo pela avenida Eduardo Ribeiro,
rumo de tomar o Palácio da justiça, um bando armado comandado por Antônio
Pereira da Silva, um homem negro que era do exército e que no caminho
distribuía panfletos aos civis explicando o motivo da revolta. Mas o militar
acabou morto por um tiro certeiro quando o bando passava em frente ao
"Café 31 de Janeiro".
Por telégrafo, as autoridades amazonenses enviavam ao
governo federal, no Rio de Janeiro, as notícias da guerra que se estava
travando naquele momento em Manaus, logo sendo de conhecimento do presidente da
República, Venceslau Brás, que foi a favor do governador Bacelar que havia sido
eleito pelo voto do povo amazonense e tratou de tomar as devidas providências mandando,
naquele mesmo dia 1⁰de janeiro, as tropas federais do exército em Manaus entrar
em ação contra o grupo subversivo e proteger todas as repartições estaduais.
No momento em que começou a revolta, os principais acusados
da articulação do golpe, general Thaumaturgo Azevedo, coronel Lima Bacuri e o
promotor Carlos Rezende, foram vistos no edifício da capitania do porto.
AMOTINADOS ERGUEM TRINCHEIRAS E BARRICADAS E RESISTEM AOS
ATAQUES DAS FORÇAS DO GOVERNO
Haviam várias trincheiras dos revoltosos espalhadas pela cidade.
As principais delas estavam no antigo depósito da Casa Andresen, na rua
Municipal (canto com a Joaquim Nabuco), onde o local foi cercado pela polícia e
rendidos 30 homens que eram comandados pelo ex-fiscal da superintendência
Joaquim Mariano de Souza. Com eles haviam 150 rifles, além de bombas de
dinamite.
Outros redutos de resistência dos revoltosos estavam
localizados na casa do coronel Guerreiro Antony, à rua Henrique Martins; na
residência do Sr. Raimundo do Rego Barros, à rua Luiz Antony; nas proximidades
do botequim "O pimpão”, na estrada de Epaminondas, e em outros locais.
O comandante da Polícia Militar mandou atacar todos esses
redutos dos rebeldes fazendo contra eles fogo cerrado. Mas os amotinados, entrincheirados,
valentemente respondiam à bala, não se entregando facilmente.
PEDRO BACELAR SE REFUGIA NO QUARTEL DO EXÉRCITO
O Dr. Bacelar permaneceu no palácio da justiça até às 16 horas,
seguindo ele a pé, acompanhado por todas as autoridades e por grande número de simpatizantes,
para o quartel do 48⁰ Batalhão de Caçadores, unidade do exército brasileiro,
onde ali se refugiou e esperou o conflito acalmar. Dali ele se retirou de
automóvel às 17:45 para o palácio do governo, junto com 4 autoridades. As
pessoas que se achavam no quartel do exército seguiram também para o palácio do
governo onde, às18:30, o Dr. Bacelar recebeu das mãos do ex-governador Jonatas
Pedrosa o mandato do poder, pronunciando ele um eloquente discurso, que obteve
expressiva salva de palmas, no calor do conflito armado que se desenrolava ali
pertinho.
COMBATES PROSSEGUEM PELA NOITE - LUTA SANGRENTA CONTRA OS
REBELDES NA TRINCHEIRA DA RUA HENRIQUE MARTINS
Os combates entraram pela noite e madrugada onde os barulhos
de bombas de dinamite e de balas causavam o mais terrível medo nas famílias
confinadas em suas residências.
Porém, a luta mais sangrenta e terrível foi a que se travou
entre os soldados da polícia e os rebeldes entrincheirados no edifício da rua
Henrique Martins. Durante toda a noite houve trocas de tiros e lançamento de
bombas de dinamite, e o prédio foi também atingido várias vezes pelos tiros de
canhões da polícia que estavam assentados na Rua Barroso e na Avenida Eduardo
Ribeiro. Enfim, pela manhã do dia 2 de janeiro, o bombardeio cessou com o
desabamento de parte do prédio e com a derrota dos rebeldes. Quando os
policiais entraram no edifício haviam vários cadáveres mortos dos rebeldes e
muita munição.
COMANDANTE DO EXÉRCITO RECEBE ORDENS DO MINISTRO DA
GUERRA PARA DESTROÇAR TODOS OS REDUTOS REBELDES
Às onze horas da manhã do dia 2 de janeiro o capitão José da
Costa Dourado, comandante do 48⁰ Batalhão de caçadores em Manaus, continuava a
receber do ministro da guerra, do Rio de Janeiro, ordens de que a força federal
defendesse o novo governador e colocasse a ordem, pois que aquele era o governo
legítimo e legal.
Diante da ordem recebida, o capitão do exército agiu
imediatamente mandando seus soldados destroçar o reduto rebelde batizado de
"Rego Barros”, que ainda resistia. Os rebeldes que ali se achavam eram em
número de 32 e estavam chefiados por um sujeito chamado Raimundo que até então
se recusavam a se render, mas resolveram finalmente se entregar após intimação
do capitão Dourado sob ameaça do local ser destruído à tiros de canhão sendo
então preso 12 indivíduos bem armados, enquanto outros vinte haviam fugido.
Ainda na manhã do dia 2 de janeiro foram feridos vários
soldados da polícia, entre eles Adriano Alves de Lima, Ricardo Cassiano da Cruz,
Osmar Góes Telles, Saul Uchôa Filho, José Horácio Borges, e outros.
O Governador
Alcântara Bacelar, a quem os insurretos pretendiam destituir do cargo e prender
após o fim da revolta, caso eles dominassem a situação. |
MORTOS E FERIDOS
Os primeiros feridos foram levados para a Santa Casa de
misericórdia onde os doutores Figueiredo Rodrigues, Jorge de Moraes, Aires de
Almeida e outros médicos fizeram os curativos.
Entre os feridos estava o subdelegado Marques de Stefano que
ao passar pelo botequim "O pimpão”, na Praça General Osório, foi ferido na
cabeça por 3 revoltosos que estavam na trincheira da rua Luiz Antony.
Já entre alguns dos mortos estavam o comerciante português
Antônio Cândido Rodrigues, atingido fatalmente por um tiro quando pôs a cabeça
na janela de sua casa, na rua Luiz Antony, para ver o conflito que estourara
naquele momento.
Também foi atingido fatalmente Manoel Benício de Figueiredo,
empregado da casa "Suter & Cia”, no momento em que passava pela praça
do comércio onde um grupo fugia da prisão, e também os policiais Domingos
Pereira da Silva e José Gomes da Silva (um era cabo e o outro era corneteiro do
batalhão).
REBELIÃO É SUFOCADA - PRISÕES E REPRESSÃO
Após tomarem vários redutos e prenderem a maioria dos rebeldes,
a polícia e o exército declararam sufocada a rebelião na manhã do dia 2 de
janeiro de 1917.
Foram presos vários participantes do movimento revoltoso,
entre eles o tenente-coronel Serafim Leopoldino de Carvalho e o coronel Joaquim
de Souza Ramos, além de centenas de outros envolvidos. Só no quartel da Polícia
Militar estavam detidas cerca de 60 pessoas. Mas muitos outros conseguiram
fugir.
Na tarde do dia 1⁰ de janeiro, quando o conflito estava em curso,
saiu do porto da cidade uma lancha com destino ignorado, levando a bordo 19
rebeldes presos.
O navio de guerra "Cidade de Manáos “, recebeu ordens
de estar em prontidão para partir a qualquer momento para repelir outros
revoltosos, pois se soube que várias lanchas vinham do interior contendo mais
rebeldes armados para reforçar o movimento revolucionário na capital.
No total 19 pessoas, entre civis e militares, perderam a
vida durante os dois dias de confrontos, além de vários feridos. Os corpos dos
mortos foram encaminhados para o necrotério da Santa Casa onde foram
identificados.
O rebelde Roberto Abade, preso após se entregar na
trincheira "Rego Barros”, ao chegar escoltado na praça do comércio,
conseguiu fugir em direção ao porto se atirando ao rio, sendo ele alvejado a
tiros pelos policiais que o levavam. O corpo de Abade boiou no rio no dia seguinte,
sem vida.
VÁRIAS CASAS COMERCIAIS E RESIDENCIAIS DESTRUÍDAS
Entre os estabelecimentos comerciais que ficaram quase
destruídos pelas balas, tiros de canhão e dinamites, estavam o café "A Reforma”,
na Rua Henrique Martins; a "Casa Colombo”, na rua Marechal Deodoro; e a
casa "Adrião Barroco & Cia.".
Quase todos os prédios do quarteirão da rua Henrique Martins,
compreendido pela Avenida Eduardo Ribeiro e Rua Barroso foram seriamente
atingidos e danificados pelas balas. A casa do Dr. Teógenes Beltrão foi
praticamente destruída, assim como várias outras casas residenciais ficaram
crivadas de balas.
PEQUENOS FOCOS DE RESISTÊNCIA AINDA PERSISTIAM - MAIS
PRISÕES
Abafada a revolta, nos dias seguintes ainda haviam pequenos
focos de resistência, mas que logo foram dominados. No dia 4 de janeiro, na
praça da Saudade, houve um forte tiroteio quando um grupo de homens tentou
atacar o edifício do juízo federal, que foi defendido por agentes policiais que
ali montavam guarda e que resultou na morte de dois dos atacantes, um deles
chamado Raimundo Pereira, um dos participantes da revolta que havia eclodido no
dia primeiro.
Ainda no mesmo dia 4, às 23 horas, foi alvejado a tiros o
prédio do Palácio do governo, tendo sido atingido e ferido um policial que
fazia vigilância do local.
Uma escolta da polícia foi ao bairro de São Raimundo e ali
prendeu no dia 4 de janeiro, a bordo da lancha "Diana”, um indivíduo que
participou da revolta
À meia noite, à polícia descobriu a bordo da lancha "Macuxi”,
ancorada no igarapé de Educandos, grande quantidade de suspeitos, sendo que
oito foram presos e outros fugiram.
Surgiu a conversa de que os presos na revolta estavam sendo
maltratados no quartel da Força Policial. Mas o capitão Sinésio Benevides
desmentiu tal acusação inclusive convidava os familiares dos presos a
visitá-los para verificar se tal acusação era verídica.
Nos dias seguintes conversas corriam pela cidade de que
estaria em curso uma nova revolta, deixando a todos com os nervos à flor da felemas
as autoridades e imprensa aliviavam a população de Manaus afirmando que tudo
não passava de boatos e que a situação estava controlada.
Jornais das principais cidades do país, inclusive do Rio de Janeiro
(a capital do Brasil na época), estampavam em suas páginas principais os
resultados da calamitosa guerra travada entre situacionistas e oposicionistas
na capital do Amazonas.
DEPOIMENTOS DE PESSOAS SUSPEITAS, HOMENAGEM AOS
LEGALISTAS MORTOS E A VOLTA DA ORDEM ESTABELECIDA
Perante a polícia depuseram alguns suspeitos como o Dr. Ricardo
Mateus, o tenente do exército José Calazans Paraíba e o Dr. Ricardo Amorim. Ambos
negaram sua participação no movimento rebelde. Outro que negou à polícia que
não fazia parte do grupo rebelado foi o ex-sargento e fiscal aposentado Joaquim
Mariano de Souza, dizendo que foi intimado pelos revoltosos a participar do
levante a favor deles e como não aceitou foi trancado por eles no ex-depósito
da Casa Andresen, ficava um reduto rebelde. O tenente José Calazans, apontado
como um dos cabeças do movimento, disse à autoridade policial que nada tinha
com o grupo e que no dia do levante estava recolhido a seu quartel, após vir da
enfermaria militar.
Já o principal articulador e implicado na rebelião, o
coronel Guerreiro Antony, foi detido e depôs na delegacia onde afirmou que não
tinha nada a declarar pois tudo ele já tinha escrito em carta publicada para o povo.
Assumiu toda a responsabilidade dos fatos. Dias depois Guerreiro viajou para
Belém onde ali disse à imprensa paraense que os principais responsáveis pela
revolta foram o governo federal e o supremo tribunal.
No dia 8 de janeiro houve nas igrejas de Nossa Senhora da
Conceição e dos Remédios a missa de 7⁰ dia em honra a alma dos soldados da
polícia militar mortos na revolta. O ato religioso teve grande presença de
pessoas comuns, autoridades civis e da oficialidade da polícia.
O resultado final foi o restabelecimento da ordem e a
confirmação no cargo de governador do Amazonas do Dr. Pedro de Alcântara
Bacelar.
Encerrava-se assim um dos episódios mais sangrentos da
história política do Amazonas.
...
Fontes: Jornal do Commercio (AM), O Tempo (AM), Gazeta de Notícias
(RJ), Correio da Manhã (RJ), Jornal do Brasil (RJ) e Jornal do Commercio (RJ).
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